| Foto:

O senador Paulo Paim (RS) é uma figura histórica do PT. Já seu colega de parlamento José Medeiros (Podemos-MT) é entusiasta de Jair Bolsonaro, e militou ativamente pela vitória do candidato do PSL no segundo turno das eleições presidenciais. As divergências ideológicas, porém, não impediram a união de ambos nesta sexta-feira (30), com um propósito: criticar os parlamentares que estão abrindo mão do auxílio-mudança.

CARREGANDO :)

“Se não pode, ou se for considerado imoral, porque é esse o debate que está dado, que que o parlamento tem que fazer? Mudar a lei. O que não pode é criar uma disputa de quem é o mais ético ou o mais certinho”, disse Paim, durante discurso no Plenário do Senado. A fala foi considerada por Medeiros “um feliz comentário”.

“Até porque eu ouvi uma avaliação ontem de um senador aqui que resolveu jogar pra galera. Vou falar aqui porque falei pra ele. Ele resolveu jogar pra galera e dizer, ‘eu não quero o auxílio mudança’. E ele depois estava me falando ‘rapaz, eu fui ver o preço da mudança, não sei como vou fazer pra mudar’. Porque não é barato”, acrescentou o parlamentar do Mato Grosso, que presidia a sessão do Senado na ocasião.

Publicidade

O auxílio-mudança tem o valor de um salário de deputados federais e senadores – R$ 33.763,00 – e é pago a todos os parlamentares que estão no início ou no fim de mandato. O benefício não faz restrições a parlamentares que morem em imóveis funcionais, sejam habitantes de Brasília ou tenham propriedades no Distrito Federal. Além disso, é pago inclusive aos reeleitos. Ou seja, quem está encerrando um mandato e iniciando outro, circunstância comum no Congresso, recebe a verba em dobro.

Paim e Medeiros se encaixam nessa última categoria. O petista foi reeleito senador em seu estado e Medeiros conquistou uma vaga de deputado federal. Ambos, portanto, serão agraciados com as duas parcelas do auxílio-mudança, mesmo que já morem em Brasília.

Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ana Amélia Lemos (PP-RS) formalizaram ao Senado que não querem receber o benefício. A parlamentar é também autora de um projeto de lei para extinguir o auxílio-mudança. Proposta semelhante foi apresentada pelo também senador Reguffe (sem partido-DF).

“Não tem pertinência ética nem moral [o benefício]. Pode ser legal, que há determinação do Congresso pra isso. Mas se eu já estou no exercício do mandato de deputado, fui eleito senador, não vou mudar, então não tem porque o recebimento desses valores”, disse o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), que será senador a partir de 2019, e também abriu mão da verba.