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Alan Ghani

Alan Ghani

Segurança pública

Crime não tem a ver com desigualdade, mas com impunidade

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Provavelmente, você passou a vida inteira ouvindo aquele lenga-lenga sociológico sobre a complexidade das causas da violência. Muita discussão, palavras bonitas, frases de efeito, e nenhum resultado prático. Pelo contrário, a criminalidade no Brasil só cresce, invertendo-se a lógica da segurança pública: bandidos soltos, e a população presa, acuada e com medo.

Muitas hipóteses são levantadas para explicar como chegamos a esse ponto. Num país dominado pela mentalidade de esquerda na mídia, nas universidades e no judiciário, a explicação mais corriqueira é aquela que associa o aumento da criminalidade à elevação da desigualdade ou da pobreza.

A fim de verificar se essa hipótese é verdadeira, analisei os dados empiricamente. A ideia é verificar o que os números sugerem, sem paixões ideológicas. Para isso, correlacionei a taxa de homicídios no Brasil com os três principais indicadores sócio econômicos - Índice Gini, Renda Per Capita e IDH.

Antes de prosseguir para os resultados, cabe explicar que o índice de correlação é uma medida estatística que mede a associação linear entre duas variáveis, com intervalo de -1 a mais 1. 

Quanto mais próximo de zero, significa que não há nenhuma associação entre as variáveis. Já quanto mais próximo de +1, significa que as variáveis são positivamente relacionadas. 

Em sentido contrário, quanto mais próximo de -1 significa que as variáveis são inversamente correlacionadas.  

Feita essa explicação, calculei primeiramente a correlação entre a taxa de homicídios do Brasil e o índice Gini, que mede a desigualdade econômica da população. Quanto maior o índice Gini, mais desigual é um país, ou seja, maior a distância entre ricos e pobres. 

A correlação entre essas variáveis é positiva, porém baixa, apenas 0,35, sugerindo que a desigualdade socioeconômica tem pouca relação com a criminalidade.

Também calculei a correlação da criminalidade com o IDH. O IDH é um índice sócio econômico que leva em conta a expectativa de vida, níveis de escolaridade e a renda per capita de um país. Quanto maior o IDH, mais desenvolvido é um país.

Como era de se esperar, a correlação entre IDH e criminalidade é negativa: um maior IDH está associado a menores índices de criminalidade. Entretanto, essa correlação é fraca, de apenas -0,43, sugerindo que melhoras no IDH não resultaram em redução significativa da criminalidade. 

Por fim, a correlação entre a taxa de homicídio com o PIB per capita (renda média de cada brasileiro) é negativa e bem baixa (-0,18), sugerindo que as elevações de renda per capita estão pouco associadas à redução dos assassinatos.

Em resumo, os dados e a evidência empírica sugerem que a criminalidade tem pouca relação com desigualdade e pobreza no Brasil, reforçando alguns trabalhos acadêmicos que mostram que a redução da criminalidade é impactada pelo aumento de policiais e o enforcement da lei (cumprimento da lei, menos impunidade).

No Brasil, é comum ouvirmos a seguinte frase: ‘a polícia prende, e a justiça solta”. Infelizmente, esse clichê é verdadeiro. 

As leis são frágeis e muitos juízes são contaminados pela visão de esquerda de que os bandidos são vítimas da sociedade

Com a certeza da impunidade no Brasil, o bandido tem um incentivo para ir ao mundo do crime, reforçando o artigo científico seminal de Gary Becker sobre o tema. No artigo, Becker mostra que bandidos tomam decisões sobre o crime como qualquer ser humano, levando em conta a relação risco-retorno.

No Brasil, o retorno do crime é alto e o risco é baixo, por conta da certeza da impunidade. Basicamente, é isso que explica a pandemia de assassinatos e latrocínios no país atualmente. O resto é explicação barata de intelectual de esquerda.

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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