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Nesta sexta-feira, 18, os meios de comunicação e diversos eventos pelo país alertam à população sobre uma triste realidade. A realidade das crianças vítimas de abuso sexual, cuja maioria dos casos ocorre dentro das suas próprias casas.

Tentar entender o que leva um adulto a praticar ações assim é difícil e exige muito discernimento de cada um de nós, muita capacidade de ver além do fato em si. Assim, a melhor maneira de se tentar previnir ou ajudar crianças que possam estar passando por este tipo de situação é a informação, a conscientização de que é preciso denunciar os agressores e jamais ser conivente com a situação. (Clique e veja reportagem que trata sobre o assunto e as dicas para perceber e como agir em casos assim)

Também a melhor maneira de se tomar consciência sobre o assunto e o quanto ele precisa ser discutido pela sociedade, é saber como um adulto que passou por este tipo de experiência se sente e como ficou a sua vida após sofrer as ações de uma violência como esta.

O leitor que quer ser indenficado como “pequeno José” entrou em contato com o Blog do Bem e decidiu contar a sua história, a qual certamente serve de reflexão a todos nós em diversos aspectos, mas principalmente sobre a necessidade de olharmos mais e protegermos mais as nossas crianças, futuros adultos amanhã.

Leia a íntegra do texto:

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“Hoje, 18 de maio de 2004, descobri que tem um dia no ano em que a violência contra a criança e o abuso sexual contra menores é lembrada.

O mundo precisa de uma data para lembrar das crianças indefesas? E os adultos, filhos desta violência que tentam esquecer esta data em que irá ajudar? As respostas a estas e outras tantas perguntas a quem cabe responder?

Quando o ‘pequeno José’ foi agredido sexualmente com seis anos, seus agressores, o pai e um tio com poder e dinheiro, adquiriram o direito, junto ao resto da família, de usufruir seu corpo e mente para satisfazer todos os seus desejos. Conivência esta comum nos dias de hoje, em nossa sociedade que assiste e é cúmplice, e pior ainda, não interfere.

Mas o que a sociedade não pergunta é como está hoje o ‘pequeno José’? Como foi a sua adolescência? A sua juventude? E o seu casamento? Como foi a sua vida profissional?

Como foi a sua vida estudantil? Como foi e como esta sua vida, após os 45 anos? Como foi a paternidade? Enfim, como foi a sua vida?

O ‘pequeno José’ foi buscar ajuda tarde, muito tarde. Porém as respostas que teve foi que a sua mente guardou lá no fundo os seus piores pesadelos. Pesadelos estes que trouxeram à tona cenas de agressões, que nós leitores não gostaríamos de ler, mas foram cenas reais de adultos doentes e criminosos colocando o ‘pequeno José’ em sacrifício a um deus do prazer, não importando o preço desta selvageria.

O ‘pequeno José’ está respondendo a cada uma destas perguntas com uma só palavra: coragem. Ele encontrou a coragem que foi tirada na sua infância, nunca foi lembrada em sua adolescência e juventude, foi massacrada na sua vida profissional e eternizada no momento em que soube que não poderia ter filho a um mês de seu casamento. Fato este decorrente da violência sofrida por seus agressores.

A coragem que hoje está presente na vida do ‘pequeno José’ é fruto do trabalho de ir em busca da verdade doa a quem doer.

No caminho desta busca ele, você – nós – enfrentamos pessoas que julgavam proteger e pregavam o amor ao seu filho. É uma verdadeira guerra interna. A de não desejar que tenha acontecido e que as pessoas que fizeram este mal ao ‘pequeno José’, que não fossem seu próprio pai e um tio com a cumplicidade de mãe e parentes mais próximos.

Hoje, após 45 anos o ‘pequeno José’ consegue olhar para frente e ver um futuro pelo menos sem os fantasmas que o atormentaram no passado.

Perdoar é uma outra palavra que o ‘pequeno José’ teve que aprender e a mais difícil de aplicar, mas ele está conseguindo. Seus agressores atingiram seu corpo e mente, mas não a sua alma.

Esta continua pura e livre. Não existe força na terra capaz de atingir o verdadeiro sentido da palavra liberdade.
Ninguém neste mundo vale mais do que você mesmo. Portanto, faça de sua passagem por este mundo digna de ser lembrada. A sua história é importante, basta você querer reescrevê-la. Não deixe nunca que tirem a sua coragem e liberdade. Estas são as suas armas contra os seus agressores.

Autor:
‘Pequeno José’

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