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Clássicos no Couto. Enfim, alguma luz no futebol paranaense
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Daniel Castellano/ AGP

Já perdi a conta de quantas vezes critiquei o Hélio Cury; provavelmente menos do que ele mereceu desde que assumiu a Federação. Mas sei que os elogios foram poucos, então provavelmente este é o primeiro parabéns que darei ao presidente da FPF.

A ideia de levar todos os clássicos do Estadual para o Couto Pereira é um momento raro de iluminação nas trevas em que se mantém, em via de regra, a relação entre os dirigentes da capital e a Federação. Boa na teoria, porém, a ideia precisa se provar boa na prática. E para isso há alguns nós a serem desatados.

Todos, invariavelmente, giram em torno de divisão do estádio e de dinheiro. A declaração do Vilson Ribeiro de Andrade ao Gustavo Marques, da 98 FM, reproduzida aqui no site da Gazeta do Povo, deixa claro que as sociais superiores não entram na partilha. O que não é um problema. Paranistas e atleticanos que pagariam mais em seus estádios podem ser acomodados na social inferior.

O bicho pega mesmo na divisão da arquibancada. O meio a meio é o caminho mais lógico. E os sócios do Coritiba?, perguntará um dos leitores. É questão de fazer cálculos. Hoje, o Coritiba tem 19 mil sócios adimplentes. Em um divisão 50-50 de 30 mil lugares, por exemplo (não esqueça que a social superior estará fechada), 4 mil sócios ficariam de fora nos clássicos de mando do clube.

É uma perda, sem dúvida. Mas que pode ser atenuada por outro cálculo: um Atletiba no Ecoestádio seria vistos por 600 coxas (provavelmente todos sócios); um Paratiba na Vila teria espaço para 1,5 mil alviverdes (também todos sócios). Com os clássicos no Couto, são 14,4 mil coxas a mais no Atletiba e 13,5 mil a mais no Paratiba.

Fazendo um comparativo. Com cada time mandando no seu estádio, haveria 56,1 mil ingressos disponíveis para a torcida do Coritiba nos clássicos da primeira fase. Com o meio a meio, são 60 mil ingressos. Incluindo as cadeiras cativas, os números ficam assim: 66,1 mil (estádios diferentes) a 70 mil (todos no Couto). Há uma vantagem que não pode ser desprezada.

Ok, mas e Paraná e Atlético, ganham o que com isso?

O ganho do Atlético é maior. Jogar no Couto no esquema 50-50 dá ao Atlético a oportunidade de oferecer ao seu torcedor pelo menos em dois jogos uma capacidade quase compatível ao número de sócios. Seriam 15 mil lugares para 15,6 mil associados. Bem melhor do que no Ecoestádio. Além de abrir um importante canal de diálogo, que pode levar o Atlético ao Couto Pereira no Brasileiro. Não dá para enfrentar Corinthians, São Paulo, Flamengo, Vasco, Grêmio e afins no Janguitão. O mesmo vale para o Atletiba.

O Paraná, à primeira vista, é quem tem menos a ganhar. Seu estádio comporta o público que costuma frequentar clássicos de primeira fase de estadual. Além disso, assumiria o risco de ser minoria nas arquibancadas mesmo nos clássicos de seu mando. O benefício é muito mais financeiro. O Paratiba do primeiro turno pode ser o primeiro clássico de Alex na volta ao Coritiba. O Derby da Rebouças do returno pode ter o time principal do Atlético. É grana, muito mais do que bola. Precisa pesar prós e contras.

Dinheiro, aliás, é outro nó a ser desatado. O regulamento do campeonato prevê renda do mandante. Com todos os clássicos no Couto, seria o caso de pensar em renda dividida? É possível fazer essa divisão levando em conta que o dinheiro dos sócios já entrou para os cofres do clube?

Outro ponto que envolve dinheiro: seguro. Há um risco alto de vandalismo no estádio com torcidas rivais tendo espaço maior que o habitual (não me apedrejem, seria igual se os clássicos ocorressem na Vila ou na Arena). Precisa haver um seguro ou um acordo prevendo essa despesa. A Federação, que é a mãe da ideia, poderia assumí-la? Parece-me o mais adequado.

Toda essa conversa, porém, deve ler conduzida tendo em vista dois aspectos: 1) É mais seguro para o torcedor que os clássicos sejam em um estádio maior; 2) É bom para o crescimento do futebol local que os três maiores clubes do estado e a Federação estabeleçam um diálogo, firmem parcerias. Se estes princípios forem colocados em primeiro plano, há uma grande chance de os clássicos no Couto serem bons na prática.

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