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Resolvi meter a mão nesse vespeiro da cessão do Couto Pereira ao Atlético enquanto a Arena estiver sendo reformada. Algo, aliás que o Napoleão de Almeida e a Nadja Mauad fizeram com a competência habitual.

Pra começo de conversa, quero dizer que entendo a rejeição das duas torcidas ao empréstimo. A do Coritiba por não querer estender a mão ao rival, a do Atlético por não querer ficar devendo um favor. Cada lado tem tanto motivos que seria possível iniciar uma discussão eterna sobre o tema sem sair do lugar. Qualquer um desses argumentos, desde que não descambe para a ignorância ou a violência, é aceitável. É o tipo de coisa que faz dois times serem rivais. É o que dá graça para o futebol.

Mas não é porque eu entendo que concordo ou considero que seja o melhor caminho a ser seguido pelos dois clubes. A permissão que o torcedor tem de agir passionalmente não é dada aos dirigentes. Deles se espera pensar no negócio sem desrespeitar a paixão. Em outras palavras: fazer um negócio que seja bom para seu clube e para o seu torcedor.

Para o Atlético, não há muita dúvida do que seria um bom negócio neste assunto. Jogar no Couto Pereira permite ao clube ampliar seu plano de sócios já projetando o retorno à Arena completa, permite (ao menos por um tempo) aumentar a venda de ingressos avulsos e assegura uma casa (mesmo alugada) compatível com grandes jogos. A opção de jogar as partidas de maior apelo no Couto e as de menor apelo na Vila é a ideal.

Para o Coritiba a conta demora um pouco para fechar. É preciso fazer um contrato de locação abrangente, que estipule uma receita fixa atraente e proteja o clube de prejuízos ao seu patrimônio. E isso se refere não apenas ao Atlético pagar por eventuais danos ao estádio, mas assegurar que o reparo não diminua a qualidade do serviço oferecido à torcida coxa-branca. Por exemplo: se uma cadeira é quebrada em jogo do Atlético, o locador deve garantir que ela tenha sido reposta até antes do próximo jogo do Coritiba.

Também é preciso levar em consideração que a Copa do Mundo envolve o poder público, de onde o Coritiba pode conseguir concessões que tornem o empréstimo mais interessante. Como um pacote de isenções fiscais para o clube construir seu CT similar ao oferecido à Arena. Ou, até, algum relaxamento da lei de zoneamento que torne para o clube um bom negócio construir um novo estádio no Alto da Glória, ao invés de levá-lo para o Pinheirão ou outra área.

São essas possibilidades que devem guiar a decisão dos dois lados, não unicamente o desejo dos torcedores. Se o acordo for bom, o torcedor mais ferrenho pode até torcer o nariz, mas no fundo terá de admitir que o seu clube saiu ganhando.

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