O prefeito Rafael Greca está promovendo o maior reajuste fiscal de Curitiba em muito tempo. Reajuste fiscal, em jargão político, é aquele momento em que o político que se elegeu prometendo fazer mais do que podia acaba admitindo que terá que fazer menos do que o antecessor – ou cobrar mais.
Greca atacou nas duas pontas. Quer aumentar o que cobra de ITBI, por exemplo, e segurar os reajustes do funcionalismo. Qualquer um que conhecesse as contas da prefeitura e que não fosse um político em campanha sabia que isso ia acabar acontecendo de um jeito ou de outro. E o próprio Greca não ocultava ter noção do problema.
Na sabatina da Gazeta, em setembro, insinuou que a Lei de Responsabilidade Fiscal seria sua aliada para poder negar reajustes à moçada da prefeitura. “Se a lei não existisse, iam dizer que era porque eu não queria [dar o reajuste]. Como ela existe, eu vou dizer que é porque a lei determina”, afirmou.
O corolário deste pensamento? “A companheirada não vai poder reclamar”, tascou o futuro prefeito. Claro que a companheirada pode reclamar. E reclama. Até porque, embora tenha insinuado que esse podia ser o caminho, Greca em mais de um momento disse que tudo era mera questão de gerir melhor o que já tinha em mãos.
Sobre os salários do funcionalismo, dizia que todos deviam ganhar “de maneira justa. “Eles devem ganhar de maneira justa e equilibrada e ter as reposições. Mas tudo será feito de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.”
E disse que não ia ficar se queixando de falta de dinheiro. “Não vou me queixar, não vou ter saco de desculpa, vou arrumar.”
Assim como Beto Richa, Greca aposta que o melhor é fazer a maldade no começo do mandato e torcer para, depois, ter dinheiro para obras. Obras que façam a população esquecer os perrengues que o prefeito está lhes impondo agora.
Era o que ensinava Maquiavel. Fazer o mal de uma só vez e o bem em suaves prestações. Resta saber se o mal será esquecido – e se o bem algum dia virá.
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