Michel Temer.| Foto:

Por Camila Abrão:

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Ao dizer nesta quinta-feira que não renunciará ao mandato, Michel Temer repetiu um roteiro clássico dos denunciados. Ao chegar a altos postos na democracia, é comum que os políticos se sintam invencíveis. E mesmo quando há indícios fartos de que a brincadeira acabou, eles não se rendem. Foi o que aconteceu no ano passado com Dilma Rousseff. Ao saber que haveria um processo de impeachment disse que não cairia. “Isso é moleza!”, afirmou.

E quando se trata de política negar o inevitável pode ser o pior jeito de sair, ou na maioria dos casos, de “ser retirado”. Foi o que aconteceu com Richard Nixon em 1974, quando o escândalo Watergate levou o presidente dos EUA a pedir o boné. Falou que não renunciaria e que o processo constitucional deveria seguir seu curso. Lembra alguém?

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Collor em 1992, Renan Calheiros em 2007, Eduardo Cunha em 2016, todos disseram que jamais renunciariam, que a justiça seguiria seu curso. Ela seguiu – e a pressão política e as provas contra eles eram tão contundentes que não existia saída a não ser a renúncia. Cada um deles fez para tentar salvar o que restava de suas carreiras. Collor sofreria um processo de impeachment, Renan e Cunha poderiam ser cassados. Mas a situação de Cunha foi a mais complicada.

Ao comprar uma queda de braço com a Presidência ele deu início a uma engrenagem que a princípio funcionou em seu favor. Dilma resistiu, disse que não renunciaria e assim o fez, porém sofreu um processo de impeachment que danificou de forma irreversível sua carreira política. E jogou o país em um mar de incertezas. Eduardo Cunha, que venceu uma batalha mas não a guerra, hoje ocupa uma cela no Complexo Médico Penal, na Região Metropolitana de Curitiba. Antes disso, também insistiu que não renunciaria.

Com o discurso de hoje Temer ao que tudo indica quer resistir ao inevitável, ao tentar se agarrar no que chamou de “melhor (e pior) semana de seu governo”, baseado em uma melhora nos índices do PIB e na queda da inflação. Com o lema “O Brasil não pode parar”, hoje ele diz que não renuncia. Amanhã tudo pode mudar.

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