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A prefeitura de Curitiba vive o seu momento de Maria Antonieta. Segundo a lenda, a rainha francesa, que acabou decapitada na Revolução, teria dito ao povo, que reclama da falta de pães, que a solução era simples: que comessem brioches. É evidente que a ideia de quem inventou a história era mostrar o quanto a corte era desconectada da realidade do francês comum de seu tempo. Havia duas Franças: a de Versalhes, onde tudo era fartura, e a das ruas. E as duas mal se conheciam.

Agora, descobre-se que em Curitiba a prefeitura por que a administração decidiu investir R$ 3,5 milhões nas calçadas da Avenida Bispo Dom José, no Batel, o bairro mais chique da cidade. É que, segundo relatou a reportagem da rádio BandNewsFM, as calçadas de concreto têm acabamento de granito. O que causou revolta até mesmo em comerciantes e moradores da região, que reclamam do excesso de ostentação.

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Os bairros mais afastados do Centro não têm calçada em Curitiba. Quem mora no Boqueirão, no Pinheirinho, no Capão Raso, no Cajuru ou mais longe sabe muito bem disso. O sujeito tem de andar é pelo meio da rua ou desviando de detritos. Em boa parte da cidade, onde há calçadas, elas são tão ruins que o sujeito vira o pé a cada 50 metros. Fora os buracos, onde o pessoal cai.

Mas por que esses bairros não têm calçada? Porque a prefeitura segue, na maior parte dos casos, a lei: a calçada é obrigação do proprietário do terreno. O Batel é a exceção. Lá, a lei não foi seguida. A prefeitura não só decidiu que deveria fazer isso pelos moradores e comerciantes (que, obviamente, teriam como pagar, mais do que os moradores do Capão Raso) como decidiu fazer com um material bem mais caro do que o comum.

Criam-se assim (ou mantêm-se) duas Curitiba. Uma que mal tem pães. Outra que come brioches. Com os R$ 3,5 milhões da Bispo Dom José seria possível fazer calçadas mais simples em várias partes da cidade. Mas, logicamente, como sempre lembra Elio Gaspari, há os Cavalcantis e os Cavalgados.

Antes do início da campanha eleitoral do ano passado, havia escrito já aqui sobre a obra do Batel, que acabou sendo tema discutido durante a disputa pela prefeitura. Lógico que a discussão ficou restrita aos partidos “nanicos”. Os candidatos com maior chance de vitória não tocaram no assunto. Nem Gustavo Fruet.
Aliás, essa é uma boa pergunta: o que Gustavo Fruet acha das calçadas públicas de granito do Batel?

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