O Gaeco é um grupo comandado pelo Ministério Público e que tem como uma de suas principais missões investigar crime organizado. É o grupo que investiga a própria polícia, quando há necessidade. Por isso, sempre que há uma interferência de governos em sua atuação, surge a dúvida sobre qual a verdadeira razão da interferência.

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Dessa vez, ficou muito claro nas últimas semanas que a polícia está incomodada com a atuação do Gaeco. Primeiro, foi o caso Tayná. O Gaeco foi responsável por pedir a prisão dos policiais acusados de tortura. A polícia reagiu criticando duramente a atuação do Ministério Público. Surgiram até piadinhas: um cartaz de filme surgiu com a inscrição: “Corra que o Gaeco vem aí”. Dizia o cartaz que o filme era sobre “trapalhadas e mais trapalhadas” da instituição.

Depois veio a Operação Vórtex, que levou mais policiais presos, dessa vez por um suposto esquema de propina que incluía até mesmo o delegado divisional, peixe grande da corporação. E o ex-delegado-geral apareceu em depoimento (em imagens que vazaram sabe-se lá como) falando ao Gaeco que o secretário de Segurança, Cid Vasques, avisou que não removeria do Conselho da Polícia Civil o delegado investigado, Luiz Carlos de Oliveira.

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Agora a disputa fica mais tensa. O secretário quer que haja um revezamento dos policiais cedidos ao Gaeco. O MP insinua que se trata de retaliação. O secretário diz que o comando é anterior aos conflitos atuais e que se trata de decisão meramente administrativa. O Gaeco pede a cabeça do secretário. Fica tudo parecendo picuinha entre dois grupos. Mas não é.

O Ministério Públco, embora dependa em grande parte do Executivo, até para ter gente e orçamento, precisa ser independente. Sem a fiscalização, quadrilhas poderiam tomar conta de partes importantes da polícia. E o Gaeco tem sido muito mais atuante do que a Corregedoria, por exemplo. Tirar policiais de lá de uma hora para outra, seja lá por qual alegação, parece uma temeridade e um retrocesso. Cid Vasques poderá ainda se explicar, é claro. Mas, até aqui, a situação não fez bem para a imagem do secretário.