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Em defesa de Rachel Sheherazade (e contra a esquerda que quis seu linchamento moral)
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Sim, Rachel Sheherazade tomou do próprio remédio. Foi desrespeitosa com os outros, sugeriu soluções violentas e pouco ortodoxas (para dizer o mínimo) quando alguém ultrapassava os limites – e acabou sendo vítima de uma violência também. Simbólica, mas nem por isso menos desrespeitosa.

Há muita gente comemorando na internet o fato de ela ter sido humilhada por Silvio Santos em rede nacional de televisão. A jornalista teria feito por merecer. Quem acha que um ladrão deve ser amarrado nu a um poste deve mesmo levar sabão do dono da tevê, deve ser humilhada.

O raciocínio faria sentido se a bronca que ela levou de Silvio Santos fosse por ter ultrapassado esse limite. Se tivesse sido advertida em público para não mais desrespeitar os direitos humanos. Para não defender soluções ilegais e desumanas. Mas não foi isso o que aconteceu.

Leia mais: Boechat, Sheherazade e a barbárie

Além do machismo (o apresentador diz que a contratou para ser bela e ler as notícias), o que ficou implícito foi um amor pelo corporativismo e pelo dinheiro, mais do que pelo jornalismo e pelos direitos humanos. Silvio Santos reclamou não da fala sobre o bandido amarrado no poste – e sim dos ataques da jornalista a governos.

Os internautas de esquerda que querem mal a Sheherazade deveriam desejar que ela fosse investigada por ter instigado a violência (com o conceito estúpido e desumano de “legítima defesa coletiva” que inventou para justificar um quase-linchamento) e não defender um sujeito poderoso atacando uma mulher que é sua funcionária, em posição de submissão, por ter dito o que pensava sobre um governo.

Defender o linchamento de uma jornalista que fez críticas ao governo porque isso incomodou as negociações entre o patrão e o poder é, definitivamente, tomar o lado errado da história.

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