Foto: Antonio More/Arquivo Gazeta do Povo.| Foto:

O bolsonarismo se elegeu com o discurso da guerra cultural – fez a população acreditar em mitos como a “doutrinação na escola” e a “ideologia de gênero”. Criou monstros invisíveis para poder gerar um falso Messias que os combata.

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Não é à toa que o primeiro alvo do novo governo deverá ser a Educação. A crença é de que a escola brasileira está infestada por professores dogmáticos de esquerda que tentam desvirtuar o ensino em nome de sua ideologia. Agora, na cabeça dos bolsonaristas, isso precisa de uma mudança de 180º.

No próprio domingo, após a eleição, uma deputada do PSL de Santa Catarina já incitava os alunos a se tornarem delatores de seus professores. Se alguém criticasse Jair Bolsonaro (PSL), deveria ser filmado e denunciado. A propositora da ideia, Ana Campagnolo (PSL), é uma das entusiastas do Escola sem Partido.

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Ideia declarada ilegal pelo STF e esdrúxula por educadores, o Escola sem Partido está já na pauta inicial do novo governo. Apontada como possível líder de Bolsonaro na Câmara, a ex-jornalista Joice Hasselmann (PSL-SR) afirma que quer que o projeto seja de autoria dela, e quer pressa.

O objetivo é expurgar a política da sala de aula e classificar qualquer pensamento crítico como doutrinação. Com o novo Congresso, não é impossível que passe, embora provavelmente os tribunais vão derrubar.

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A própria pedagogia, na narrativa da extrema direita, tem de ser expurgada. Bolsonaro, em entrevista pré-eleitoral, disse que quer para o Ministério da Educação alguém firme, que tire Paulo Freire da pauta. Trata-se, como se sabe, do principal intelectual brasileiro na área.

Os bolsonaristas também tendem a “limpar” o currículo, deixando na grade cada vez maior quantidade de aulas ide disciplinas instrumentais, como português e matemática, e acabando com disciplinas que discutam a sociedade a fundo, como sociologia e filosofia.

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Na biologia, o retrocesso também deve vir. O general Aléssio Ribeiro Souto, cotado para ministro da Educação, disse em entrevista que o aluno brasileiro deve estudar o criacionismo em pé de igualdade com a evolução. Que deve-se estudar Darwin, mas não necessariamente para que o aluno concorde.

É como dizer que deve-se mostrar como deve ser feita uma soma matemática, mas “não necessariamente para que o aluno concorde”. A ciência e o pensamento crítico, na guerra cultural bolsonarista, devem ser as primeiras vítimas.