Uma coisa é a política. Outra é o ódio. Quando a política vai mal, é normal que os ânimos se exaltem, mas há um limite. E o limite é o da tolerância. No meio desta crise, porém, esse limite está sendo frequentemente ultrapassado.
Perigosamente ultrapassado.
Nesta noite, a sede do Partido dos Trabalhadores em Curitiba foi alvo de vândalos. O mesmo com a CUT, vandalizada. Na manifestação em frente ao Palácio do Planalto, uma bomba caseira.
Fala-se em ir contra o outro, o que está do outro lado. Mas não com argumentos, e sim com xingamentos, paus e pedras. Culpa, inclusive, dos dois lados (claro que, com essa frase, muitos já acharão que o texto foi feito só para defender seu adversário).
Lula deixou claro nas gravações o que pretendia que se fizesse com os do outro lado. Se viessem os coxinhas, tomariam cacete. Os juízes e procuradores “precisam ter medo”. Do outro lado, gente em função de formador de opinião incita o ódio, dizendo que petistas não podem ter paz, precisam ser achincalhados. Não podem ser deixados em espaços públicos.
Radicaliza-se a política como se a solução estivesse no ódio. Promete-se não a vitória, e sim a extinção do outro lado. Não basta tomar o Planalto, é preciso ter razão sempre, vencer sempre, ver o outro no fundo do poço, humilhado, de preferência sem condições de se levantar. Morto.
O ódio ao outro, a pregação de que quem pensa diferente deve ser punido, extirpado, a isso dá-se um nome: fascismo.
São fascistas os que querem boicote a quem vota no PT. São fascistas os que querem punir o outro pela cor de sua camisa. Fascistas são os que querem a vitória de seu grupo pela força. Fascismo é o risco de um país que tem adoradores de Bolsonaro.
Os próximos dias serão de muita tensão. Estão marcadas manifestações. E se alguém tentar invadir o Palácio? E se a segurança reagir? E se o PT mantiver as manifestações desta sexta: e se os contrários, certamente majoritários, os cercarem?
Estamos a um cadáver de ter uma crise muito maior. Estamos a uma frase (de Dilma? de Lula?) de incendiar o país.
Não seja você o incendiário de que o país não precisa. Argumente, resista, debata. Irrite-se. Mas lembre-se que, depois de tudo isso, continuaremos a conviver neste mesmo país: esquerda e direita, petistas e tucanos, eu e você.
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