A manchete da Gazeta do Povo desta segunda-feira sobre o Bolsa Família ajuda a responder uma das eternas questões que os críticos do programa fazem: a pergunta sobre a tal “porta de saída” para os beneficiários.
Primeiro é preciso deixar uma coisa clara: nem todo programa do governo precisa ter portas de saída. Há vários benefícios que são contínuos e permanentes e mesmo assim ninguém os questiona. Não precisa haver porta de saída para a aposentadoria, por exemplo: o sujeito pagou ao INSS a vida toda e tem direito ao benefício.
Empresários também recebem dinheiro do BNDES durante toda a existência de suas empresas, e não se vê alguém falando que eles precisam de uma “porta de saída”. Empresas da área de cultura recebem recursos da Lei Rouanet, do Audiovisual, ou de outras leis de incentivo sem ter alguém no seu calcanhar dizendo que elas precisam achar uma porta de saída.
Mas parece que os pobres, os miseráveis, os que dependem do governo para ter uma renda mínima de R$ 77 por mês (pois é disso que trata o Bolsa Família) precisam ficar explicando o tempo todo por que ainda não conseguiram ultrapassar essa barreira. Como se fosse mera culpa deles.
Mas o que a reportagem de Diego Antonelli mostra é que em alguns estados (especialmente no Paraná e em Curitiba) o número de beneficiários está diminuindo. Em parte porque houve combate à fraude. Em parte, porém, porque as pessoas conseguiram empregos. E claro que preferem um emprego ao invés do pouco que o governo oferece (ao contrário do que pregam os insensatos que dizem que pobre não quer trabalhar porque recebe o benefício).
A porta de saída é essa. É emprego. É educação para que as pessoas possam ter emprego e possam pagar as próprias coisas. Não acredite se alguém disser que alguém prefere ficar “encostado” no governo recebendo R$ 100 por mês para não ter que trabalhar. Esse dinheiro não dá para quase nada, e as pessoas só aceitam porque às vezes é a única chance de elas não passarem necessidade.
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