De acordo com os promotores, a organização criminosa envolvia não só os auditores (que atuam na ponta). Mas o dinheiro era repassado para instâncias superiores da Receita Estadual. E afirmam que o comando do esquema de desvio ficava nas mãos de Luiz Abi Antoun, o indefectível primo do governador Beto Richa (PSDB).
O valor das propinas nem de perto chega ao total que se perde de dinheiro público. É que as empresas pagam um valor menor de propina justamente para não pagar um imposto maior. Ou seja, para que a corrupção faça sentido, necessariamente o que foi desviado dos cofres públicos deve ser no mínimo o dobro da propina cobrada.
Na denúncia, que levou à decretação da prisão de 68 pessoas, os promotores relatam o esquema da seguinte maneira:
“Em cálculos superficiais, Excelência, fundados na declaração de um dos principais e mais recentes operadores desse esquema, o ex-Inspetor Regional LUIZ ANTÔNIO DE SOUZA, se a “meta” estabelecida para a Delegacia Regional de Londrina era o envio mensal da quantia variável de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) à Inspetoria Geral de Fiscalização, para propiciar a distribuição da propina entre a cúpula, e que essa quantia representava apenas 10% de toda a propina arrecadada mensalmente pela 8ª DRR, logo é fácil concluir que os auditores adstritos a essa Delegacia Regional angariavam de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) por mês!”
“Estamos falando de R$ 1.000.000,00 de propina por mês, só na Delegacia Regional da Receita Estadual de Londrina. Prosseguindo nessa linha de raciocínio e considerando ainda o valor enviado pelas outras duas maiores Delegacias da Receita do Estado à Inspetoria Geral de Fiscalização, Curitiba e Maringá – R$ 120.000,00 e R$ 100.000,00 mensais, respectivamente, o que correspondente também a 10% do total arrecadado, apenas essas três Delegacias (Londrina, Maringá e Curitiba) arrecadaram APENAS NO ANO DE 2014 a quantia de R$ 38.400.000,00 (trinta e oito milhões e quatrocentos mil reais) em propina.”
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