Uber: ambiente de trabalho hostil e assédio dentro e fora da companhia. Foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas.| Foto:

Um caso de estupro ocorrido em 2014, na Índia envolvendo um motorista de Uber voltou à cena nesta semana – e fez lembrar a série de problemas em que a empresa se envolveu relacionados a assédio e crimes contra mulheres. O motorista indiano foi condenado a prisão perpétua em 2015 por ter estuprado uma passageira. A imprensa do país revelou que Shiv Kumar Yadan tinha uma ficha criminal, inclusive já tendo sido acusado de assédio anteriormente.

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O que vem repercutindo nesta semana na mídia internacional é que Eric Alexander, ex-presidente da divisão Ásia-Pacífico da companhia teve acesso ao prontuário médico da vítima. Ele teria ido para o país acompanhar a investigação do crime.

Leia mais (em inglês): Executivo do Uber ‘não tinha razão para ter acesso a prontuário de vítima de estupro’

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Alexander conseguiu o laudo médico de forma ilegal. Ele compartilhou o conteúdo com o CEO Travis Kalanick e com o vice presidente sênior Emil Michael. A pergunta aqui é como e por que eles precisariam de um documento – tão íntimo – de uma investigação em andamento? A resposta não é surpreendente, os três executivos tinham dúvidas sobre a veracidade do caso. Mesmo tendo o prontuário médico que comprovava a violência sofrida pela vítima nas mãos. Eles acreditavam ser uma manobra da companhia Ola, uma concorrente baseada em Bangalore, para prejudicar a imagem do Uber.

Denúncias

A empresa vem enfrentando uma série de acusações, que vão desde práticas obscuras para driblar a fiscalização à um ambiente de trabalho hostil. Neste último entra o assédio dentro da própria empresa. Tudo veio à tona em fevereiro quando a ex-engenheira do Uber, Susan Fowler denunciou em um blog que teria sido assediada sexualmente por seu supervisor. O departamento de recursos humanos da empresa ignorou a reclamação.

Depois disso mais de 200 reclamações foram feitas em número criado pela companhia para que seus funcionários pudessem denunciar todo tipo de violações no trabalho. O Uber tem 12 mil empregados, sem contar os motoristas, que não são considerados fixos. Somente nesta semana 20 funcionários foram demitidos da sede americana por discriminação, assédio e outros comportamentos inadequados.

Leia mais (em inglês): Uber demite 20 em investigação

No Brasil

A Folha de S.Paulo no ano passado trouxe depoimentos de mulheres que foram assediadas por motoristas do Uber, durante ou depois da corrida. Além de comentários inapropriados e invasivos, há relatos assédio físico (passadas de mão e beijos forçados). Algumas passageiras são abordadas depois de utilizar o serviço, via redes sociais. As respostas da empresa a esse tipo de situação são protocolares.

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Existem técnicas usadas por mulheres para tentar garantir alguma segurança ao utilizar esse tipo de serviço: mandar prints da rota e das informações do motorista para amigas e família, ligar ou fingir que está ligando para alguém avisando que está à caminho.

Esses artifícios é claro não garantem uma viagem 100% segura – nada garante – e aí está o problema. Essa falta de garantia de segurança constante que cerca as mulheres, não é exclusividade do Uber ou serviços similares: está na rua escura e vazia, na volta para casa do trabalho ou da balada…a lista é infinita. E o medo também.

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