Comadre Marisa:
Me diz que não é verdade: depois de a ministra Marta Suplicy dar suas patéticas recomendações a quem enfrenta a fila dos aeroportos e de o ministro Guido Mantega sugerir que é a prosperidade nacional a causa dos transtornos, vem o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, dizer que o “overbooking” é legal. Legal para quem? Certamente não para o pobre passageiro que está querendo chegar ao seu destino.
Bologna (isso é nome ou propaganda de destino turístico?) reconheceu que a venda de um número de passagens superior ao de assentos é “antipática” (ponto para ele), mas jurou de pés juntos que não foi esse o motivo do caos envolvendo a TAM – e infelizmente todas as outras companhias – no Natal passado (ah, bom!).
Foi notória a vantagem que as companhias tiraram do caos no controle aéreo. Aproveitaram para intensificar o overbooking, que é prática antiga, muito adotada em situações de grande demanda, como feriados e temporadas de férias.
Antigamente, quando uma pessoa querida ia viajar a gente costumava pedir que ligasse quando chegasse ao destino, para aplacar os temores relativos aos acidentes. Hoje o medo é de que o avião não saia do chão e de que os compromissos – pessoais ou profissionais – não possam ser cumpridos.
Ai que saudades dos glamourosos tempos da Pan-Air!
Mas como a gente não pode viajar, vamos falar da nossa Curitiba. Tenho boas novas. Estão limpando o lago e o ar do Parque Barigüi promete ficar mais respirável dentro em breve. Isso significa que nossas caminhadas estarão garantidas. Caminhadas diurnas, claro, porque a (in)segurança do parque, ao contrário da limpeza do lago, ainda não mereceu as atenções das autoridades.
Beijo da Sandra
***
Comadre Sandra,
Por favor, seja mais cautelosa ao tocar em reminiscências. Nossos leitores podem pensar, equivocadamente, que nós somos do tempo da Pan-Air.
Vamos deixar claro que se trata, neste caso, daquela saudade poética, de um tempo que não vivemos, mas que permanece no inconsciente coletivo como sinônimo de coisa boa, que não volta mais.
Quanto aos recentes episódios de nossa epopéia aérea, confesso que estou quase saboreando uma vingancinha besta.
Sempre achei pedantes esses rituais de aeroporto. Chegar muito mais cedo, agüentar o ar de enfado dos atendentes (acho que as roupinhas engomadas incomodam ali na altura da barriga), espremer corpinhos tamanho 48 em poltronas 38, e por aí vai…
Tem gente que pra driblar a síndrome da timidez aeroportística veste até roupa de sair para viajar de avião.
Pois agora caiu a máscara. Avião hoje é pior do que ônibus. Só que chega atrasado, vende duas vezes o mesmo lugar e já temos até caso de colisão antes de partir, dentro da rodoviária, ops, do pátio do aeroporto.
Já a nossa ministra confirmou a sabedoria popular: de onde menos se espera é dali que não vem nada mesmo. Reviveu seus tempos de sexóloga do TV Mulher e saiu de cena, possivelmente para relaxar e…sei lá, problema dela.
Agora, comadre, o Parque Barigüi, sei não. Essa história de dragar, limpar e despoluir o lago é mais velha que andar pra frente.
Acho que os pinóquios da crise aérea me deixaram ainda mais descrente.
Beijo comadre!
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