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Lula com Hélio Bicudo no início dos anos 80. Foto: arquivo Memória Sindical.
Lula com Hélio Bicudo no início dos anos 80. Foto: arquivo Memória Sindical.| Foto:
Lula com Hélio Bicudo no início dos anos 80. Foto: arquivo Memória Sindical.

Lula com Hélio Bicudo no início dos anos 80. Foto: arquivo Memória Sindical.

O jurista Hélio Pereira Bicudo, autor do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff mais badalado pela mídia, passou boa parte do seus 93 anos defendendo Lula, o Partido dos Trabalhadores e os petistas.

Ele é um dos fundadores do PT e integrou a 1.ª Executiva da legenda, em 1981. Mas a militância de Bicudo dentro do PT não parou. Em 1986, o jurista foi candidato ao senado pelo partido e demonstrou não ser muito bom de voto. Ficou atrás de Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Fracassado nas urnas, ganhou o cargo de secretário dos Negócios Jurídicos do município de São Paulo na gestão da petista Luíza Erundina, de 1989 a 1990. A vitrine garantiu a ele a eleição de deputado federal.

Não foi somente a Luiza Erundina que Bicudo serviu. De 2001 a 2005, foi vice-prefeito de São Paulo, durante a gestão da então petista Marta Suplicy, que recentemente deixou a agremiação.

Depois de décadas servindo e militando no PT e sem ganhar um cargo de alto escalação no primeiro governo Lula, que era um de seus sonhos, em 2005 decidiu sair do partido e debandar para a oposição.

Em uma coletiva de imprensa em sua casa, na última sexta-feira, se abraçou com alas políticas que ele muitas vezes combateu. Estavam lá representantes dos movimentos Nasruas, Movimento Liberal Acorda Brasil, Brasil Melhor e Avança Brasil Maçons.

Nesta semana, Bicudo confirmou uma aliança com o jurista Miguel Reale Júnior para acertar novos detalhes do pedido de impeachment. A união dos dois surpreende. Reale Júnior e Bicudo sempre estiveram politica e ideologicamente em polos opostos.

O curioso é que a guinada de Hélio Bicudo depois de tantos anos contribuindo e engrossando o PT causou uma profunda divisão na família do jurista, que é consagrado internacionalmente pela sua defesa dos direitos humanos. Pelo menos três filhos dele criticaram a decisão. A consultora em planejamento urbano Maria do Carmo Bicudo Barbosa disse que “no momento o país precisa de união para vencer as dificuldades que enfrenta, e não de um pedido de impeachment”. O executivo do setor imobiliário José Bicudo disse ter ficado chocado com a medida judicial adotada pelo pai: “O ato de meu pai assusta pela trajetória dele, pelo que ele representa na história da democracia do país”. Eduardo Bicudo, também filho de Hélio, se manifestou nas redes sociais: “É triste ver uma pessoa que possuía um patrimônio político e uma história de vida digna juntar-se à direita mais sórdida do nosso país para fazer um papel no mínimo ridículo, extemporâneo e se expondo de uma maneira pueril”.

O pedido de impeachment é assinado também por uma filha de Bicudo, Maria Lucia Bicudo, que apoia a iniciativa do pai. “Há corrupção demais no país e é preciso adotar medidas fortes para promover mudanças”, declarou à Folha de S. Paulo.

Nas redes sociais surgiram questionamentos se Hélio Bicudo estaria no pleno exercício de suas faculdades mentais, considerando que tem 93 anos de idade e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2010. A filha Maria do Carmo, que é contra a decisão do pai, rebate, e diz que Bicudo está, sim, “no pleno exercício de suas faculdades mentais” e que apenas cometeu um equívoco.

No campo das “alfinetadas”, comenta-se que Hélio Bicudo é movido por vingança política. O objetivo seria atingir Lula, que não deu o espaço que ele (Bicudo) gostaria de ter nos oito anos de governo do petista. “Vamos trabalhar para que Lula não volte em 2018”, declarou o jurista na coletiva de sexta-feira.

Veja matéria sobre encontro de Bicudo e Reale Júnior:

https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/bicudo-e-reale-junior-terao-encontro-para-nova-redacao-de-impeachment-8eh48cs9i3yymmokawtzk9mtw

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