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Bolsonaro ignora recomendação de isolamento por causa do coronavírus.
Bolsonaro ignora recomendação médica de isolamento por causa do coronavírus.| Foto: Reprodução/Facebook

Com medidas sanitárias rigorosas para conter o coronavírus, a China conseguiu evitar uma tragédia maior. Na última semana o governo chinês anunciou que a epidemia está “praticamente detida” no país. A contenção da covid-19 em território chinês é resultado de uma série de medidas das autoridades de saúde, gestores públicos e lideranças políticas e empresariais.

Outros países atingidos pela pandemia tentam agora adotar medidas para conter o vírus, evitar o colapso dos sistemas de saúde e, com isso, salvar vidas. Na Itália, por exemplo, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, anunciou no último dia 9 a ampliação da área de quarentena para o todo o país, com restrições de deslocamento. Impôs também o fechamento de todas as escolas e universidades.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na sexta-feira (13), emergência nacional devido ao rápido avanço da pandemia. Dois dias antes Trump já havia anunciado a suspensão de todas as viagens da Europa, China e Irã aos Estados Unidos. E fez apelo para se evitar multidões.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou no sábado (14) estado de emergência no país, além de restrições de movimentação em todo o país. As pessoas não poderão sair de suas casas, exceto quando o deslocamento for estritamente necessário, como para trabalhar, comprar medicamentos e alimentos ou ir ao hospital.

Vários países europeus, como Alemanha, Portugal e Polônia decidiram fechar suas fronteiras. Já são mais de 100 milhões de pessoas em regime de quarentena. Grandes eventos culturais e esportivos foram adiados.

Na América do Sul, alguns países vêm fechando o cerco à circulação do vírus. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou neste domingo (15) que as aulas estão suspensas e as fronteiras fechadas pelos próximos 15 dias. O vírus foi chamado de "inimigo invisível" pelo presidente, A Venezuela fechou a fronteira com o Brasil e a Colômbia.

Esforço das empresas contra o coronavírus

Não menos importante tem sido medidas adotadas por empresas no mundo inteiro. Cancelamento de viagens nacionais e internacionais não consideradas estritamente essenciais, home office (para evitar deslocamentos e aglomerações no local de trabalho), reforço de higienização, criação de comitês de crise e substituição de reuniões físicas por videoconferências estão entre alguns procedimentos adotados por companhias de todos os setores. São megacorporações, empresas médias e também pequenas.

A paralisação de muitas atividades e o isolamento trazem prejuízos à economia, mas há um entendimento de que a perda econômica de agora pode evitar um prejuízo bem maior caso a disseminação do vírus torne incontrolável.

No Brasil, as autoridades de saúde também têm anunciado medidas semelhantes às adotadas em outros países para tentar conter a disseminação da covid-19. A diferença é que aqui algumas autoridades, líderes políticos e também cidadãos, em vez de colaborarem, buscam dar mau exemplo.

O presidente Jair Bolsonaro, que deveria liderar o movimento para conscientizar as pessoas da necessidade de medidas preventivas, optou pela rebeldia neste domingo (15) ao se juntar a manifestantes aglomerados em Brasília. O ato torna-se mais grave pelo fato de Bolsonaro estar sob recomendação de isolamento.

Apesar de ter testado negativo para o coronavírus, Bolsonaro deveria permanecer em isolamento até repetir um novo exame. A recomendação para fazer outro teste partiu do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O protocolo prevê que um novo exame seja realizado em até sete dias. Mas o presidente ignorou a recomendação.

As orientações do Ministério da Saúde para se proteger contra o coronavírus são claras: "idosos com mais de 60 anos, pessoas que tenham alguma doença crônica, cardiovascular ou sintomas respiratórios devem evitar" locais com aglomeração. O ministério recomenda ainda que "os organizadores ou responsáveis por eventos de grande massa devem cancelar ou adiar, se houver tempo hábil. Não sendo possível, recomenda-se que o evento ocorra sem público".

Manifestações políticas e sociais são um direito fundamental da democracia. A questão é que quando o presidente Bolsonaro incentiva as pessoas a saírem em multidões pelas ruas, ele estimula a irresponsabilidade sanitária.

Autoridades médicas avaliam que o ciclo do coronavírus no Brasil pode estar no começo, ou seja, há risco muito grande de disseminação da doença. Portando, é preciso rigor nas medidas preventivas enquanto há tempo. A Sociedade Brasileira de Infectologia, em nota, observa que pode ocorrer a 3ª fase epidemiológica ou de transmissão comunitária, "quando o número de casos aumenta exponencialmente e perdemos a capacidade de identificar a fonte ou pessoa transmissora".

A irresponsabilidade sanitária do gestor público pode ser caracterizada por uma série de motivos, entre eles dificultar a atuação de órgãos de fiscalização e controle. Ao tomar atitudes de rebeldia contra as recomendações das autoridades de saúde do país e colocar em risco as pessoas, o presidente da República comete um crime de responsabilidade.

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