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Covid-19 - vacinação
A médica pneumologista Margareth DalComo, uma das primeiras a receber a vacina de Oxford no Brasil.| Foto: Divulgação/Peter Ilicciev/Fiocruz

A vacinação contra Covid-19 no Brasil começou no dia 17 de janeiro. Após pouco mais de um mês, cerca de 5,6 milhões de pessoas receberam pelo menos uma dose; e 883 mil, duas doses. No total, o país aplicou até quinta-feira (18) cerca de 6,5 milhões de doses. O levantamento é feito diariamente pelo consórcio de imprensa (G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha e UOL).

A média nesses 33 primeiros dias é de pouco mais de 170 mil pessoas vacinadas por dia com a primeira dose. Nesse ritmo, como o Brasil tem 159,1 milhões de brasileiros com mais de 18 anos – segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019m –, seriam necessários 935 dias (dois anos e meio) para que todas as pessoas nessa faixa etária fossem vacinadas com a primeira dose, isto é, somente em meados de 2023.

Mesmo assim, a imunidade coletiva não estaria garantida, considerando que são necessárias duas doses. Como o país imunizou menos de 1 milhão com a segunda dose, mantendo o ritmo, a tarefa não seria concluída nesta década.

A vacinação lenta não é problema exclusivo do Brasil. Grande parte países ainda nem começou a vacinar contra Covid-19. Mas há diversos países em situação bem adiantada. Os Estados Unidos, por exemplo, já vacinaram cerca de 17% da população, o Reino Unido 24%, o Chile 12% e a Polônia, 6%, conforme dados do painel Our World in Data, mantido por pesquisadores da Universidade de Oxford.

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Vacinação diária em fevereiro/2021.

O problema brasileiro não é de estrutura, logística ou experiência em vacinação em massa. O país tem uma das estruturas mais eficientes do mundo para vacinar e conta com profissionais experientes. O entrave está na falta de vacinas.

As campanhas anuais de vacinação contra a gripe são um exemplo da capacidade do sistema brasileiro de imunizar rapidamente a população. O país consegue sem muitas dificuldades vacinar mais de um milhão de pessoas por dia.

Para muitos especialistas, a capacidade do Brasil para vacinar supera em muito os números registrados nas campanhas contra a gripe. O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), fundador e primeiro presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estimou em entrevista à BBC Brasil que o país pode aplicar cerca de 60 milhões de doses por mês.

Nessa conta, Vecina Neto calcula que o SUS poderia vacinar todos os maiores de 18 anos até meados de julho com as duas doses necessárias. Mas para isso o país teria que dispor de pelo menos 320 milhões de doses.

O que mais preocupa no momento é a queda do número de vacinados por dia. Dados do Monitora Covid-19, portal que acompanha a evolução da doença no Brasil, mantido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que na quinta-feira (18), 234 mil pessoas foram vacinadas. Em dias anteriores, como em 29 de janeiro, mais de 360 mil pessoas receberam imunizante contra Covid-19.

Pressionado, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reafirmou na quarta-feira (17) que toda a população será imunizada em 2021. Pelo cronograma apresentado pelo ministro, o país deve receber 454,9 milhões de doses de vacinas até o final do ano. Em março seriam distribuídas cerca de 46 milhões de doses, em abril 57 milhões, em maio 46 milhões, em junho 42 milhões e em julho, 16 milhões.

No segundo semestre, a previsão de Pazuello é de que a Fiocruz fabrique 110 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca. O Ministério da Saúde prevê ainda receber 30 milhões de doses da vacina da Moderna em outubro, além de compras de vacinas da Pfizer e da Janssen.

Pela retrospectiva de janeiro e fevereiro, o cronograma de Pazuello corre risco de enfrentar atrasos. Pelo contrato original de fornecimento da Coronavac, por exemplo, era prevista a entrega de 9,3 milhões de doses até 28 de fevereiro. Em fevereiro, no entanto, o Butantan entregou 1,1 milhão no dia 5 e, a partir do dia 23, prevê a entrega de mais 3,4 milhões de doses.

A avaliação de especialistas de todo o mundo é que com o passar do tempo a oferta de vacinas vai aumentando. Isso se dará pelo aumento da capacidade fabricação dos laboratórios e da aprovação de novos imunizantes. Mas as dificuldades em adquirir vacinas não acabarão, considerando que apenas 2,4% da população mundial foi vacinada até agora, segundo o painel Our World in Data.

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