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Crise na Colômbia após prisão de Uribe
Manifestação em Bogotá após a decretação da prisão do ex-presidente Álvaro Uribe.| Foto: Raul Arboleda/AFP

Rodovias na Bolívia são bloqueadas por integrantes de movimentos sociais./Ex-presidente Álvaro Uribe é preso na Colômbia sob acusação de crime de suborno e manipulação de testemunhas./Líderes de oposição anunciam que não participarão das eleições legislativas na Venezuela./Congresso do Peru rejeita primeiro-ministro nomeado no mês passado e governo terá de ser recomposto.

As manchetes recentes de sites e jornais em vários países latino-americanos retratam a crise política que se alastrou na região em meio à pandemia de coronavírus.

As democracias na Bolívia, Venezuela, Peru e Colômbia sempre foram marcadas por avanços e retrocessos. Mas, a exemplo de outros vizinhos sul-americanos, esses países tiveram períodos importantes de estabilidade neste século. Nos últimos anos, porém, a crise política vem ganhando proporções alarmantes, ameaça a débil democracia e seus desdobramentos são incertos.

A Bolívia vive um permanente conflito desde as últimas eleições presidências, em outubro do ano passado, quando o ex-presidente Evo Morales foi declarado reeleito no primeiro turno. O resultado da votação, anunciado pela justiça eleitoral, provocou uma explosão de protestos no país, liderados pela oposição, que acusava fraude eleitoral.

Com a violência escancarada nas ruas e as suspeitas sobre a apuração dos votos, Morales – que estava no poder fazia 13 anos – renunciou dias depois e se exilou no México. Agora, os seguidores de Evo estão nas ruas para protestar contra decisão do Tribunal Eleitoral, que adiou de 6 de setembro para 18 de outubro as eleições que escolher um novo ou uma nova presidente.

Crise na Bolívia
Bolivianos protestam contra adiamento das eleições presidenciais.| Aizar Raldes/AFP

É a quarta vez que as eleições na Bolívia são adiadas. Após a renúncia de Morales, em novembro do ano passado, o novo pleito foi marcado para 3 de maio, mas com a pandemia de coronavírus foi transferido para 2 de agosto e depois para 6 de setembro.

Com a nova mudança, para 18 de outubro, a presidente interina Jeanine Áñez, candidata a continuar no cargo, ganhou mais 42 dias para tentar arrumar a casa e enfrentar o candidato apoiado por Morales, o ex-ministro da Economia Luis Arce, líder nas pesquisas de intenção de votos.

Na Colômbia, a crise política ganhou novos entornos depois que a Suprema Corte ordenou, na última terça-feira (4), a prisão preventiva do ex-presidente Álvaro Uribe por crime de suborno e manipulação de testemunhas. Uribe governou o país entre 2002 e 2010, foi beneficiado por um período de sucesso na economia colombiana e criou o que ficou conhecido na América Latina como uribismo – movimento orientado pelo populismo de direita e liberalismo econômico, tendo como principal aliado internacional os EUA.

Diagnosticado com covid-19, Uribe foi colocado em prisão domiciliar. Colombianos contra e a favor do ex-presidente saíram às ruas do país para protestar. Aos 68 anos de idade, Uribe é o primeiro ex-presidente do país a ser preso.

Álvaro Uribe é acusado de ter manipulado testemunhas, num processo iniciado por ele em 2012 contra o senador Iván Cepeda, do partido de esquerda Polo Democrático Alternativo (PDA), principal adversário do uribismo. O ex-presidente acusou o senador de ligação com paramilitares presos para que envolvessem o seu nome nas atividades criminosas de grupos ultradireitistas. A Corte Suprema, no entanto, arquivou o processo contra Cepeda e abriu uma investigação sobre Uribe.

A prisão do ex-mandatário, que pertence ao mesmo partido do atual presidente, Iván Duque, abriu uma crise institucional na Colômbia. O partido Centro Democrático, fundado por Uribe em 2014, lançou uma forte campanha contra o Judiciário e convocou manifestações em todo o país (veja convocação no tuíte abaixo).

Em reação, as altas instâncias judiciais do país lançaram um comunicado conjunto pedindo respeito pela independência dos poderes. “As providências judiciais têm instâncias legais para serem questionadas. Portanto são inaceitáveis desqualificações a decisões judiciais por adotar e sem que se conheça ainda o seu conteúdo, sentido ou alcance”, diz o documento.

Na Venezuela a disputa sobre a data das eleições é diferente da que ocorre na Bolívia. O governo insiste em realizar a votação em 6 de dezembro, data marcada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), aliado do presidente Nicolás Maduro. A oposição não aceita. Líderes de 27 partidos oposicionistas se uniram em torno de um boicote.

A decisão poderá deixar o controle da Assembleia Nacional – instituição que atualmente é dominada pelos opositores –, nas mãos dos aliados de Maduro.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também aliado de Maduro, interveio nos partidos de oposição, tornando ilegais suas direções e nomeando para postos de comando figuras que fazem oposição branda ao chavismo e aceitam o jogo eleitoral da forma como foi proposto – os líderes afastados afirmam que a eleição é apenas um jogo de cena para concentrar ainda mais o poder do governo.

Sessão do Congresso peruano em que foi negado voto de confiança ao presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano.
Sessão do Congresso peruano em que foi negado voto de confiança ao presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano.| Reptrodução/RTV

No Peru, o presidente peruano Martín Vizcarra sofreu um duro golpe nesta semana. Na segunda-feira (3), o presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano, apresentou as diretrizes políticas do gabinete sob sua responsabilidade, mas depois de quase 14 horas de debate parlamentar, o Legislativo não deu a ele o voto de confiança.

Sem apoio da maioria do Congresso, o presidente peruano terá de recompor seu gabinete e recrutar um novo primeiro-ministro, o quinto em dois anos e quatro meses. Vizcarra assumiu a Presidência em 2018, após a renúncia do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, envolvido em escândalo de corrupção com a empresa brasileira Odebrecht e por tentativas de compra de votos.

Quando renunciou, em março de 2018 – menos de dois anos após sua posse –, Kuczynski enfrentava um processo de impeachment que vinha ganhando apoio desde dezembro do ano anterior.

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