| Foto: Reprodução/Facebook
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A dívida de estudantes do ensino superior dos Estados Unidos – motivo de preocupação nos últimos anos – ganhou um novo capítulo com a crise econômica desencadeada pela pandemia de coronavírus e o consequente desemprego e queda de renda da população. Dados mais recentes do Departamento de Educação, de 31 de dezembro de 2019, mostram que cerca de 44 milhões de pessoas que contraíram empréstimos estudantis devem US$ 1,64 trilhão (mais de R$ 8,6 trilhões). Aproximadamente 65% dos devedores já estão formados.

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Do total da dívida estudantil, a maior parte é federal: US $ 1,5 trilhão. O restante, cerca de US$ 140 bilhões, é do setor privado. Cada estudante com empréstimos federais deve, em média, US$ 35 mil (R$ 183 mil). Mais de 3,2 milhões de pessoas devem acima de US$ 100 mil (mais de meio milhão de reais). Centenas têm dívida superior a US$ 1 milhão, ou seja, cerca de R$ 5,4 milhões.

Os empréstimos para estudantes são a segunda dívida dos cidadãos americanos, ficando atrás da relacionada a hipotecas imobiliárias (habitação), mas supera as dívidas de cartão de crédito, de empréstimos para automóveis e outras dívidas dos consumidores.

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Para efeito de comparação, o total da dívida de estudantes dos Estados Unidos se iguala ao Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia e supera os da Espanha e Austrália.

Tamanho da dívida

  • Até US$ 5 mil – 7,7 milhões de estudantes – US$ 19,6 bilhões
  • Acima de US$ 5 mil a US$ 10 mil – 7,5 milhões de estudantes – US$ 54,3 bilhões
  • Acima de US$ 10 mil a US$ 20 mil – 9,3 milhões de estudantes – US$ 134,3 bilhões
  • Acima de US$ 20 mil a US$ 40 mil – 9,4 milhões de estudantes – US$ 269,1 bilhões
  • Acima de US$ 40 mil a US$ 60 mil – 4,1 milhões de estudantes – US$ 203,2 bilhões
  • Acima de US$ 60 mil a US$ 80 mil – 2,5 milhões de estudantes – US$ 175,7 bilhões
  • Acima de US$ 80 mil a US$ 100 mil – 1,4 milhão de estudantes – US$ 121,9 bilhões
  • Acima de US$ 100 mil a US$ 200 mil – 2,3 milhões de estudantes – US$ 310,3 bilhões
  • Acima de US$ 200 mil – 0,9 milhão de estudantes – US$ 256,0 bilhões

Fontes: Federal Student Aid/LendEDU/Departamento de Educação

Uma das questões que preocupam autoridades e economistas é a inadimplência. Antes da epidemia, com as atividades econômicas em alta, 10,9% dos devedores estavam com pagamentos atrasados por mais de 90 dias, segundo relatório do New York Federal Reserve. Cerca de 360 mil pessoas estavam com as prestações atrasadas entre 9 meses e 12 meses, segundo o Departamento de Educação. Com a crise do coronavírus, o temor é que a taxa de inadimplência pode explodir a partir do segundo trimestre de 2020.

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Reportagem do jornal The New York Times revela que o maior problema está concentrado entre os milhões de estudantes que abandonam o curso sem um diploma. “É aí que está o sério problema da dívida estudantil. Os estudantes que frequentaram uma faculdade sem obter um diploma estão lutando para encontrar um trabalho bem remunerado para pagar a dívida que acumularam”, relatou o jornal.

Os Estados Unidos têm hoje cerca de 20 milhões de universitários.| Foto: Divulgação/Harvard University

Outra barreira para os estudantes endividados é a queda de salário para quem não tem algum tipo de diploma avançado, com especialização, para enfrentar os avanços tecnológicos. Muitos graduados ganham pouco mais do que aqueles que têm apenas um diploma do ensino médio, o que dificulta pagar as prestações quando conseguem emprego.

O sistema de ensino superior dos EUA, que começou a ser estruturado nas primeiras décadas do século passado, propiciou enormes avanços no país. Durante muito tempo os ganhos obtidos com um diploma universitário tornavam fáceis o pagamento das mensalidades. Hoje, cerca de 20 milhões de estudantes estão cursando faculdade nos Estados Unidos atualmente, segundo o Centro Nacional de Estatísticas da Educação. Com tantos jovens atrás de um diploma e com a redução dos subsídios, o valor das anuidades sofreu uma explosão – em 2018, o financiamento estatal para faculdades públicas foi US $ 7 bilhões a menos do que em 2008, segundo levantamento publicado em reportagem da rede de notícias financeiras e de negócios CNBC.

De acordo com dados do College Board, instituição sem fins lucrativos fundada em 1900 com a finalidade de expandir o acesso ao ensino superior, durante o ano letivo de 1980-1981, os estudantes custavam, em média, o equivalente a US$ 17,4 mil para frequentar uma faculdade particular e US$ 7,9 para uma faculdade pública. Nesse valor estão incluídos aulas, alojamento e alimentação. Em 1990, esses custos aumentaram para US$ 26 mil e US$ 9,8 mil, respectivamente.

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Dívida por faixa etária

  • Até 24 anos – 7,9 milhões de estudantes
  • 25 a 34 anos – 14,8 milhões de estudantes
  • 35 a 49 anos – 14,1 milhões de estudantes
  • 50 a 61 anos – 6,0 milhões de estudantes
  • 62 anos ou mais – 2,2 milhões de estudantes

Fontes: Federal Student Aid/LendEDU

Um levantamento do site LendEDU, especializado em empréstimos estudantis, constatou que 57% dos estudantes formados em 2018 foram para o mercado de trabalho com dívidas de empréstimos feitos para estudar.

Os valores da dívida estudantil variam conforme o curso. Para o curso de medicina, por exemplo, dados da Associação de Faculdades Médicas Americanas mostram que o valor médio em 2018 era de US$ 196,5 mil (mais de R$ 1 milhão). Acrescentando outros valores relacionados à graduação, chega a US$ 221,5 mil, em média.

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Já a dívida média de empréstimos para estudantes de Farmacologia em 2018 foi de US$ 166,5 (cerca de R$ 900 mil), de acordo com uma pesquisa da Associação Americana de Faculdades de Farmácia.

| Foto: Reprodução/Student Debt Crisis

Cerca de 56% dos estudantes universitários dos EUA são mulheres, mas as estudantes do sexo feminino detêm cerca de dois terços de toda a dívida estudantil do país. Em 2019, a dívida das estudantes mulheres chegou a US$ 929 bilhões. Os dados foram fornecidos pela Associação Americana de Mulheres Universitárias para reportagem da CNBC.

O que se pergunta é se uma dívida significativa como a dos estudantes pode vir a provocar uma crise na economia americana, como aconteceu em 2008. Enquanto para alguns é um vulcão prestes a entrar em erupção, para outros não há o que temer caso a pandemia de coronavírus seja controlada em pouco tempo.