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Eleição no Peru
Keiko Fujimori e Pedro Castillo travam duelo entre esquerda e direita no Peru.| Foto: Divulgação/Campanha dos candidatos/Facebook

Os peruanos irão às urnas neste domingo (06) para escolher o novo presidente em um país dividido politicamente. O acirramento da campanha eleitoral no segundo turno, entre a candidata de direita Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, e o professor Pedro Castillo, de esquerda, serviu como cortina de fumaça para esconder a tragédia de Covid-19 no país que tem a taxa mais alta de mortes pela doença por habitante em todo o mundo.

Números divulgados pela plataforma Our World in Data, organizados por pesquisadores da Universidade, mostram que o Peru tem 563 mortes para cada 100 mil habitantes. Essa taxa é quase o dobro do segundo colocado no mundo, a Hungria, com 300 mortes para cada 100 mil pessoas. O Brasil, que figura entre os 10 países com pior índice, registra 222 mortes para 100 mil.

Líder no horrível ranking da taxa de mortes por habitantes, o Peru também é um dos países com pior desempenho em vacinação. Na América do Sul, o país andino só ganha do Paraguai e da Venezuela. Até sexta-feira, segundo os dados computados pelo Our World in Data, apenas 8,96% dos peruanos haviam recebido pelo menos uma dose da vacina contra Covid-19.

Em que pese a tragédia sanitária, a polarização ideológica colocou a pandemia em segundo plano no segundo turno. O principal tema em destaque foi a disputa entre posições da esquerda e da direita. De um lado, Fujimori com um programa liberal, apoiada pelo mercado financeiro, grandes empresas e a maior parte da classe média. De outro, uma proposta de reforma radical, econômica e social, de Castillo, apoiado por movimentos populares, pequenas empresas, pequenos produtores rurais e grande parte das classes pobres.

Eleição no Peru
Professor do ensino fundamental, Pedro Castillo usou o lápis como símbolo da campanha.| Divulgação/Campanha do candidato

As últimas pesquisas mostram uma eleição apertada. Castillo abriu vantagem logo no início da campanha do segundo turno, mas Fujimori veio crescendo e chegou ao empate nos últimos dias. Alguns institutos privados de pesquisa apontaram virada da candidata conservadora na sexta-feira (04).

Keiko Fujimori carrega o estigma de ser filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que ficou preso de 2007 a 20017, quando foi solto por problemas de saúde. Quando presidente, Fujimori dissolveu o Congresso, fechou o Poder Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal Constitucional e o Conselho da Magistratura, em colaboração com as Forças Armadas. Em 2009 foi condenado a 25 anos de prisão por crimes contra os direitos humanos e corrupção.

Eleição no Peru
Keiko Fugimori, que teve o pai condenado a 25 anos de prisão, promete corrigir erros do passado.| Divulgação/Campanha da candidata

Keiko conseguiu alavancar sua candidatura prometendo corrigir erros do passado. Seu maior apoio veio do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que foi derrotado por seu pai nas eleições presidências de 1990 e, até antes do segundo turno, era um duro adversário do fujimorismo.

Castillo, do movimento Peru Livre, era pouco conhecido da população peruana até recentemente. Professor primário na zona rural, ele nasceu no povoado andino de Puña, na região de Cajamarca, e desde o primeiro turno conquistou a população do interior do país. As pesquisas mostram que ele lidera em todas as regiões, com exceção da capital, onde sua adversária tem ampla vantagem.

Durante a campanha, os aliados de Keiko acusaram Castillo de estar ligado ao MAS, do boliviano Evo Morales, ao venezuelano chavista Nicolás Maduro, ao argentino Alberto Fernández e ao uruguaio José Pepe Mujica, que fez campanha por sua eleição.

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