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Eleições Chile
O liberal Lavín, a humanista Jiles e o comunista Jadue estão na frente nas pesquisas de intenção de voto no Chile.| Foto: Reprodução/Páginas pessoais do Facebook

Ao mesmo tempo em que o país decidiu adiar para 15 e 16 de maio as eleições para a formação da Assembleia Constituinte, medida já aprovada pelos deputados e senadores, os chilenos se preparam também para a escolha do novo presidente do país, em 21 de novembro. O processo constituinte não deverá interferir na eleição presidencial. Diversos institutos e empresas de pesquisa de opinião já vêm publicando sondagens com os líderes da corrida ao Palácio de La Moneda, sede da Presidência da República do Chile.

Os resultados das pesquisas em março mostram três pré-candidatos com vantagem sobre os demais pretendentes: Pamela Jiles, do Partido Humanista; Daniel Jadue, do Partido Comunista; e Joaquín Lavín, do partido União Democrática Independente.

Eleições no Chile
Pesquisa da Celag encerrada em 17 de março, com 2.007 eleitores chilenos.| Reprodução/Celag

Na média dos últimos levantamentos de intenção de votos, os três candidatos estão empatados tecnicamente, com pequena vantagem para Jiles (13.4%), que até o fim de março estava em terceiro lugar. Jadue vem em segundo (13%) e Lavín em terceiro (12,7%). O comunista Jadue liderava a maioria das pesquisas até meados de fevereiro, mas perdeu o posto para Jiles.

O avanço da humanista Jiles foi registrado a partir da segunda quinzena de março. Pesquisa do Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica (Celag), que reúne pesquisadores de vários países, na segunda quinzena de março, colocou pela primeira vez a jornalista na liderança, com 17,7% das intenções de votos contra 16,1% do comunista Jadue e 13,4%, do liberal conservador Lavín.

Antes de ingressar na política, a jornalista Pamela Jiles ficou conhecida por atuar em publicações críticas ao regime do ditador Augusto Pinochet, como Solidaridad, Apsi, Análisis e Fortín Mapocho. Depois se popularizou com participações em várias emissoras de televisão do país - Televisión Nacional de Chile (TVN), Canal 13, Chilevisión, La Red e UCV Televisión.

Eleições no Chile
A jornalista Pamela Jiles saiu das fileiras da esquerda e chegou à liderança nas pesquisas.| Reprodução/Página pessoal de Jiles noFacebook

Foi eleita deputada em 2018 pelo Partido Humanista, integrante da coalizão Frente Ampla, agrupamento que reúne partidos e movimentos políticos de esquerda e de centro-esquerda, como Nova Democracia, Poder Cidadão e Partido Ecologista Verde. A coalização é definida como progressista, e tem bandeiras como democracia participativa e Estado social.

Pamela Jiles ganhou destaque ao ser uma das principais impulsionadoras do projeto de reforma constitucional, aprovado na Câmara dos Deputados, que autoriza os cidadãos chilenos a retirarem até 10% de seus fundos de pensão para amenizar a crise decorrente da pandemia de Covid-19.

A previdência no Chile é privada. Cada trabalhador do país coloca 10% do salário bruto mensal em um fundo pessoal ao qual tem acesso quando se aposenta. Esse dinheiro está depositado nas Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), empresas privadas que são encarregadas de gerir as reservas individuais obrigatórias. O modelo é alvo de críticas e protestos por pagar pensões de baixo valor aos aposentados.

Eleições Chile
O liberal Joaquín Lavín tenta pela segunda vez chegar à Presidência do Chile.| Reprodução/Facebook

O liberal conservador Joaquín Lavín é um antigo personagem da política chilena. Engenheiro e economista, Lavín deu um grande passo na política ao ser eleito em 1992 prefeito de Las Condes, uma das regiões mais ricas e desenvolvidas da Grande Santiago. Em seguida foi eleito prefeito de Santiago.

Com o sucesso de sua gestão como prefeito, o professor de economia, ex-editor do El Mercurio, jornal de maior circulação do Chile, e membro da Prelazia do Opus Dei (instituição da Igreja Católica), resolveu dar um passo maior. Se candidatou a presidente da República em 1999, sendo derrotado por Ricardo Lagos. Em 2016 voltou a ser eleito prefeito de Las Condes.

Lavín integra o União Democrática Independente (UDI), um partido político classificado como conservador de direita, fundado como um movimento político em 1983. Junto com os partidos Renovação Nacional (RN), Evolução Política (Evópoli) e Partido Regionalista Independente (PRI), compõe a coalizão política Chile Vamos. O UDI tem sido um dos partidos mais votados no Chile nas duas últimas décadas superando o partido Democrata Cristão (DC).

A empresa de pesquisas Activa coloca Lavín na dianteira, com 13,9% das intenções de votos contra 13.0% de Jiles e 7.5%, de Jadue, mas na média dos dos institutos de pesquisa ele fica em 3º lugar.

Daniel Jadue almeja ser o primeiro presidente comunista de um país da América do Sul.
Daniel Jadue almeja ser o primeiro presidente comunista de um país da América do Sul.| Reprodução/Facebook

Arquiteto e sociólogo, Jadue cresceu politicamente depois de ter sido eleito, em 2012, prefeito de Recoleta, uma das regiões mais economicamente vulneráveis da Região Metropolitana de Santiago, e conhecida por abrigar diversas comunidades de imigrantes.

Na Recoleta, Jadue implantou o programa Farmácia Popular, em que passou a comprar medicamentos dos grandes laboratórios e a vendê-los pelo preço de custo. A medida teve repercussão nacional pelo fato de a Recoleta vender remédios a preços entre 50% e 75% menores.

Depois da farmácia, Jadue criou a Ótica Popular, a Livraria Popular e até a Disqueria Popular, também baseadas no mesmo princípio de venda de produtos e oferta de serviços a preço de custo, disponibilizando produtos mais baratos à população. Outra de suas medidas foi a criação da Universidade Aberta de Recoleta, projeto que oferece cursos, seminários e palestras gratuitamente para todos os cidadãos do município. É dele também a iniciativa de uma Imobiliária Popular, que tem como proposta facilitar o acesso à moradia.

As fileiras da direita tem ainda um outro nome, da economista Evelyn Matthei, que aparece em quarto lugar nas pesquisas. Mas ela é da UDI, mesmo partido de Lavín. Para ser candidata pela legenda Matthei teria que vencer o prefeito de Las Condes nas prévias, o que muitos analistas consideram pouco provável.

O liberal conservador Sebantián Piñera e a socialista Michelle Bachelet governaram o Chile por dois mandatos.
O liberal conservador Sebantián Piñera e a socialista Michelle Bachelet governaram o Chile por dois mandatos.| Reproduão/Governo do Chile

Desde o fim da ditadura militar, em 1990, os chilenos elegeram cinco vezes presidentes de centro-esquerda, todos integrantes da chamada ‘Concertación Democrática’, agrupamento que reunia partidos de centro, centro-esquerda e esquerda. Os principais são Partido Democrata Cristão (PDC); Partido Pela Democracia (PPD); Partido Radical Social Democrata (PRSD) e Partido Socialista (PS), que era o partido do ex-presidente Salvador Allende e que elegeu dois presidentes após a queda da ditadura militar.

Pela Concertación foram eleitos Patricio Aylwin, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (duas vezes).

A centro-direita conquistou a presidência duas vezes com Sebastián Piñera, atual presidente. Piñera é um dos homens mais ricos do chile e foi o maior acionista da Lan, empresa aérea que deu origem à Latam por meio de fusão com a TAM. Ele é membro do Renovacão Nacional (RN), um partido liberal conservador que integra a coalizão Chile Vamos, com partidos de centro-direita e direita, como União Democrata Independente (UDI), Evolução Política (Evópoli) e Partido Regionalista Independente Democrata (PRI).

No Chile é vetada à reeleição seguida, isto é, ao fim dos quatro anos, o presidente não pode concorrer. Mas, como ex-presidente, pode se candidatar após pelo menos quatro anos fora do governo (foi essa regra que permitiu à socialista Bachelet e ao liberal Piñera serem eleitos duas vezes.

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