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Eleições no Peru
Pedro Castillo, do partido Peru Livre, venceu as eleições presidenciais com pequena margem, segundo a apuração oficial, mas ações na justiça impedem a proclamação do resultado.| Foto: Reprodução/Página de campanha de Pedro Castillo no Facebook

O impasse na disputa presidencial peruana mostra como um sistema antiquado de voto em papel pode abalar a confiabilidade de uma eleição e, consequentemente, a democracia. Transcorrido mais de um mês desde que foi realizado o segundo turno das eleições no Peru, a Justiça Eleitoral ainda não declarou um vencedor.

A demora na proclamação do eleito não se dá por atraso na apuração. Todos os votos foram contados logo após a eleição. Os resultados divulgados pela Oficina Nacional de Processos Eleitorais (Onpe) mostram que o progressista Pedro Castillo, do partido Perú Livre, venceu as eleições com 50,12% dos votos contra 49,87% da conservadora Keiko Fujimori, do partido Força Popular. A vitória foi apertada, de pouco mais de 44 mil votos.

Por que, então, não se declara Castillo vencedor? O Jurado Nacional de Eleições (JNE), autoridade máxima do país em temas eleitorais, foi congestionado por ações dos defensores de Keiko, que acusam fraudes no processo eleitoral. No Peru a eleição é feita por voto de papel, em que o eleitor assinala o candidato numa cédula e a deposita na urna.

Mesmo que vários países e blocos, como União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e outros observadores internacionais, tenham declarado que as eleições presidenciais no Peru foram transparentes e dentro da regularidade, as autoridades eleitorais do país andino decidiram adiar o anúncio do vencedor até que todas as denúncias fossem julgadas.

Eleições no Peru
Keiko Fujimori, do partido Força Popular, diz que não reconhecerá resultado caso seu opositor, Pedro Castillo, seja declarado vencedor.| Reprodução/Página de campanha de Keiko Fujimori no Facebook

O partido Força Popular, de Keiko, apresentou 271 ações para anular a eleição. Desse total, cerca de 90% foram julgadas como improcedentes pelo JNE. A expectativa era que nesta semana, finalmente, seria proclamado o vencedor, mas neste domingo o JNE deu sinais de que o anúncio poderá demorar um pouco mais, até o dia 20. A posse do eleito está prevista para o próximo dia 28.

Segundo informações de fontes do JNE conseguidas por alguns dos principais jornais do país, como La República e El Comercio, o anúncio depende apenas do voto de um de seus juízes, o recém-empossado Víctor Raúl Rodríguez Monteza. Os outros três juízes do JNE – o presidente do órgão, José Luis Salas Arenas, e seus outros dois integrantes, Jovián Valentín Sanjinez Salazar e Jorge Armando Rodríguez Vélez – teriam conseguido resolver por unanimidade todos os recursos apresentados à instituição.

Rodríguez Monteza, mesmo não tendo mais condições de mudar a decisão do órgão, ainda precisa resolver 40 recursos interpostos pelo partido Força Popular, além de não ter assinado outras oito resoluções que estão prontas.

A proclamação do vencedor não deverá colocar fim à “guerra” política peruana. Keiko Fujimori sinalizou na sexta-feira (10) que não vai reconhecer Castillo como presidente eleito se o jurado eleitoral proclamar o candidato de esquerda como vitorioso.

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