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Joe Biden - 100 dias
| Foto: Adam Schultz/White House

Ao completar 100 dias de governo, o presidente dos EUA, Joe Biden, tem média de aprovação nas pesquisas de 54%, segundo levantamento feito pelo rastreador FiveThirtyEight. O índice é superior ao obtido no mesmo período pelo ex-presidente Donald Trump, de apenas 42%, mas fica abaixo do atribuído a Barack Obama, de 65%.

De acordo com levantamento do Instituto Gallup, realizado entre 1º e 21 de abril, Biden tem 57% de aprovação, contra 40% de reprovação. Outra pesquisa, da Reuters em parceria com o Ipsos, de 12 a 16 de abril, mostra que 55% aprovam o desempenho de Biden no cargo, enquanto 40% desaprovam.

Com estilo de governar oposto ao de Trump, que usava as redes sociais para polemizar, Biden atua mais reservadamente – substituiu os tweets por briefings diários com a imprensa e trouxe para o Gabinete uma equipe de especialistas experientes.

O forte apoio popular a Biden nos primeiros 100 dias é resultado de uma série de fatores. Para muitos analistas, o presidente democrata se beneficia da recuperação de um cenário que foi fortemente afetado no primeiro ano da pandemia de coronavírus. Quando assumiu, algumas vacinas já estavam aprovadas e a vacinação em massa começando. Na economia, Biden colhe frutos da recuperação da recessão pandêmica de 2020, quando milhões de empregos foram eliminados e a produção de empresas ficou parada.

Com o controle da pandemia e a retomada da economia, o desemprego está caindo, as escolas estão reabrindo e devolvendo às famílias uma vida próxima ao normal.

Mas o apoio a Biden tem restrições. Nenhum republicano do Senado votou a favor de seu projeto contra Covid-19. Alguns democratas moderados estão também hesitantes diante de propostas como a de revisões de imigração, extensão de direitos de voto e o pacote bilionário de infraestrutura.

Joe Biden - 100 dias - vacina
Biden recebe vacina contra Covid-19: combate à pandemia é um dos pontos fortes do seu governo.| Divulgação/VOA News

Um dos pontos de maior sucesso da gestão do democrata é o tratamento dado por ele no combate à pandemia de coronavírus. Favorável a medidas preventivas, como uso de máscaras e distanciamento social, e da aceleração da vacinação em massa, Biden tem mais de 65% de aprovação por sua atuação contra a Covid-19. Nessa questão, ele recebe apoio até de republicanos, com cerca de 40%. Entre os democratas a aprovação chega a 90%.

Biden prometeu ao assumir aplicar 100 milhões de doses de vacinas nos 100 primeiros dias. A meta veio antes e dobrada: 100 milhões em meados de março e chegou a 200 milhões de doses em 21 de abril. Com esse desempenho, os EUA deixaram de ser um dos países com piores respostas à Covid-19 para se tornar um líder global em vacinações.

Além de viabilizar o aumento da produção de imunizantes, Biden adotou medidas para facilitar o acesso dos americanos às vacinas, como o programa de farmácias de varejo, que transformou mais farmácias em locais de vacinação, além da abertura da vacinação em centros de saúde comunitários e a criação de centros de vacinação administrados pelo governo federal em todo o país. A lista de vacinadores foi ampliada, incluindo dentistas, parteiras, paramédicos e optometristas, entre outros profissionais.

Desde que assumiu, Biden buscou avançar em sua agenda progressiva, apesar das resistências. Depois de um pacote de estímulo econômico de US $ 1,9 trilhão, ele apresentou um plano de infraestrutura de US $ 2 trilhões ao qual muitos republicanos se opõem.

O pacote de US$ 1,9 trilhão, conhecido como American Rescue Plan, permitiu o pagamento de US$ 1.400 (cerca de R$ 7,6 mil) a milhões de norte-americanos, ajuda de US$ 80 bilhões para agências de educação estaduais, reforço dos subsídios na saúde, auxílio aos prestadores de serviços de cuidados infantis, aumento de benefícios semanais de desemprego, redução do imposto de renda federal por desemprego, expansão da assistência alimentar, subsídios para restaurantes em dificuldades, cinemas e locais de música fechados e fundos para famílias de baixa renda cujos filhos perderam refeições gratuitas ou a preço reduzido na escola porque estão aprendendo remotamente.

A proposta de US$ 2 trilhões, que enfrenta resistências no Congresso, prevê financiamento para estradas, pontes, trens, banda larga, aeroportos, hidrovias e portos. Também seriam destinados recursos para a indústria, qualificação profissional, moradias, escolas, hospitais e reformas de prédios federais, além da melhora de serviços de cuidados para idosos e portadores de deficiência.

Parte do dinheiro para bancar o pacote viria do aumento impostos sobre as empresas, incluindo a elevação da alíquota corporativa de 21% para 28%, revertendo os cortes de impostos feito por Trump em 2017. Também prevê aumentar os impostos sobre os ricos.

Na assistência à saúde, Biden avançou rapidamente para reverter os esforços de Trump para acabar com o Affordable Care Act, batizado de  "Obamacare", uma lei federal sancionada pelo ex-presidente Barack Obama em 2010. As medidas do governo Biden permitem que os inscritos não pagarão mais do que 8,5% de suas rendas para cobertura, contra quase 10% de antes. E os segurados de baixa renda e os desempregados receberão subsídios. Os que ganham mais de 400% do nível federal de pobreza – cerca de US$ 51.000 anuais para uma pessoa e US$ 104.800 para uma família de quatro pessoas em 2021 – terão direito a receber ajuda pela primeira vez.

Na imigração, Biden reverteu a proibição de viagens, principalmente de países muçulmanos, e desfez medidas que retirava proteção a pessoas sem documentos trazidas para o país quando crianças. O governo também criou uma força-tarefa focada em identificar e reunir famílias de migrantes separadas na fronteira EUA-México como resultado da polêmica política de "tolerância zero" de Trump.

O governo democrata anulou ainda a declaração nacional de emergência de Trump, paralisou a construção do muro na fronteira com o México até uma revisão dos projetos. Mas Biden enfrenta problemas com o aumento da chegada de migrantes, muitos deles menores desacompanhados, e são mantidos em postos de patrulha de fronteira. A vice-presidente Kamala Harris foi designada por Biden para supervisionar os esforços com os países da América Central para conter o fluxo de migrantes.

Biden - 100 dias
Com Biden, EUA sediaram cúpula mundial sobre o clima.| Divulgação/Departamento de Estado dos EUA

Na política exterior, Biden se comprometeu a retirar as tropas do Afeganistão até setembro e atua para salvar o acordo nuclear EUA-Irã, abandonado pelo governo Trump em 2018. Mas nem tudo é paz: Biden aplicou sanções abrangentes e expulsões diplomáticas contra a Rússia em resposta à interferência de Moscou nas eleições americanas de 2020 e está em ‘guerra’ diplomática e econômica com o governo russo.

O governo democrata também recolocou os EUA nos debates mundiais sobre clima, cumprindo a promessa de sediar uma cúpula global sobre o tema em seus primeiros 100 dias de mandato. Biden assinou uma ordem executiva em seu primeiro dia de mandato revertendo a decisão de Trump de 2017 de se retirar dos acordos climáticos de Paris de 2015, acordo internacional para limitar o aquecimento global defendido por Obama.

As promessas de campanha de combater as desigualdades raciais foram levadas adiante. Biden nomeou o gabinete mais racialmente diverso da história dos Estados Unidos e assinou uma série de ordens executivas para combater discriminação e preconceito contra negros e asiáticos.

Um dado que deve ser levado em conta é que maioria dos presidentes dos EUA gozaram de aumento da popularidade no início de mandato. Resta saber se Biden conseguirá manter a aprovação nos próximos meses.

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