Em vídeo postado nas redes sociais no último sábado (6), Olavo de Carvalho ameaçou derrubar o governo se o presidente Jair Bolsonaro continuar “inativo e covarde”. O escritor – considerado guru da campanha de Bolsonaro à Presidência da República – reclamou da falta de apoio do presidente contra os processos judiciais contra ele e disse que não aceitaria condecoração do Palácio do Planalto.
Na gravação, em que a cada três frases ele pronuncia um palavrão, Olavo de Carvalho também dirige críticas ao empresário Luciano Hang, proprietário da rede de lojas Havan. “Você vai comprar aviãozinho e se vestir de Zé Carioca, você é um palhaço. Isso que você é, eles têm toda razão. É por causa de empresário como você que o Brasil tá nessa merda”, diz o escritor ao se referir a Hang.
Logo após a divulgação do vídeo surgiram reações entre bolsonaristas e olavistas. No domingo (7), Luciano Hang, vestindo terno com as cores da bandeira brasileira – ao estilo Zé Carioca –, fez um apelo a empresários por ajuda a Olavo de Carvalho. O dono da Havan disse que o escritor precisa de apoio para contratar advogados para o defender.
Zé Carioca é um personagem fictício criado na década de 1940 pelos estúdios Walt Disney. Para muitos críticos, ele retrata o típico malandro carioca, sempre escapando dos problemas com um "jeitinho" característico.
O proprietário da Havan também comentou as acusações de que investiu em sites que disseminam fake news. No dia 27 de maio, uma operação da Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão contra 17 pessoas, entre elas Hang, que teriam vínculo com ações de disseminação de notícias falsas e ameaças a ministros do Supremo.
“Eu não posso ajudar um site na internet que pensa de forma conservadora e que seja de direita? Então, tudo que for conservador, de direita, é fake news. O que for de esquerda, um canal tradicional, não é fake news, aí você pode ajudar?”, questionou.
Em meio à polêmica, Olavo de Carvalho voltou às redes sociais após a divulgação do vídeo com críticas a Bolsonaro para dizer que ainda está do lado do presidente. “Ainda estou do lado do Bolsonaro. Lutarei por ele com todas as minhas armas. Mas ele que não espere mais de mim palavras doces que só podem ajudá-lo a errar“, escreveu em postagem do Facebook.
Publicações em jornais e nas redes sociais questionam se o motivo da ‘ira’ de Olavo não seria uma tentativa de conseguir recursos financeiros para pagar multas de processos judiciais. Em um dos processos, de 2017, o escritor foi condenado a pagar R$ 2,8 milhões ao cantor e compositor Caetano Veloso. O valor se baseia nos dias em que Olavo descumpriu a decisão judicial de não ter removido de suas redes sociais mensagens que relacionam o músico à pedofilia.
No vídeo em que ataca Bolsonaro e Hang, Olavo de Carvalho admite que está sendo cobrado a pagar “multas” na Justiça. "Essas multas que esses caras estão cobrando de mim, vão me arruinar totalmente. Como é que eu vou poder sobreviver aqui nos Estados Unidos sem nenhum tostão furado?", questionou.
O escritor demonstrou irritação com as notícias de que estaria buscando dinheiro para cobrir as despesas com ações judiciais e que o empresário Luciano Hang estaria pedindo dinheiro para ajudá-lo. “Não pedi dinheiro pra ninguém. Eu pedi advogados. É outra coisa totalmente diferente. E não disse para ninguém pagar os advogados pra mim. Eu nem discuti a questão do pagamento de advogados”, declarou em novo vídeo no Instagram.
Na segunda-feira (08), o senador Randolfe Rodrigues apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação pedindo investigação da conduta do presidente Jair Bolsonaro e de Olavo de Carvalho. Na representação enviada à PGR, Randolfe faz uma série de questionamentos. "O que Olavo de Carvalho sabe que poderia derrubar Jair Bolsonaro? Por que um empresário precisaria de aval do Presidente da República para fazer o que parece ser uma doação? Há dinheiro público envolvido?", questionou o parlamentar.
Olavo de Carvalho, apesar dos ataques do final de semana a Bolsonaro e alguns bolsonaristas, tem ficado do lado do presidente no embate com dissidentes. Logo após o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro – que acusou Bolsonaro de querer interferir na Polícia Federal – o escritor atacou o ex-juiz que foi responsável pelos processos da primeira fase da Lava Jato, em Curitiba.
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