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pobreza na pandemia - crianças
O mundo tem hoje cerca de 1,2 bilhão de crianças sem acesso a necessidades básicas, como educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento ou água potável, segundo estudo.| Foto: Reprodução/Save the Children

Desde o início da pandemia de covid-19, o número de crianças vivendo em estado de pobreza multidimensional aumentou 15%. Agora, o mundo tem cerca de 1,2 bilhão de crianças sem acesso a necessidades básicas, como educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento ou água potável. São 150 milhões de crianças a mais do que os números registrados antes da crise do novo coronavírus.

Os dados fazem parte de um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em conjunto com a organização Save the Children (Salve as Crianças). A quase totalidade das crianças que passaram a viver na pobreza multidimensional após a pandemia está em países de baixa e média renda, segundo o Unicef.

O estudo multidimensional da pobreza, que foi concluído no final de setembro e vem sendo atualizado, usa dados sobre o acesso à educação, saúde, habitação, nutrição, saneamento e água de mais de 70 países. A análise dos dados mostra que cerca de 45% das crianças foram severamente privadas de pelo menos uma dessas necessidades críticas nos países analisados ​​antes da pandemia.

Para o Unicef, a previsão é que a situação vai piorar nos próximos meses. “Famílias à beira de escapar da pobreza foram puxadas de volta, enquanto outras estão passando por níveis de privação que nunca viram antes”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do Unicef, ao falar sobre o estudo.

O relatório observa que “proteção social, políticas fiscais inclusivas, investimentos em serviços sociais e emprego e intervenções no mercado de trabalho para apoiar as famílias são essenciais para tirar as crianças da pobreza e evitar mais devastação”. Para isso, as organizações envolvidas no acompanhamento da situação afirmam que é necessário “expandir o acesso a cuidados de saúde de qualidade e fornecer as ferramentas e a tecnologia necessárias para que as crianças continuem seus estudos remotamente; e investir em políticas favoráveis ​​à família, como creche”.

“Esta pandemia já causou a maior emergência educacional global da história e o aumento da pobreza tornará muito difícil para as crianças mais vulneráveis ​​e suas famílias compensar a perda”, declarou Inger Ashing, CEO da Save the Children, ao site do Unicef. Segundo o executivo, “as crianças que perdem a educação têm maior probabilidade de serem forçadas ao trabalho infantil ou ao casamento precoce, o que as levaria a ficarem presas em um ciclo de pobreza por muitos anos”.

O relatório observa ainda que, além de maior número de crianças vivendo na pobreza multidimensional, as crianças pobres também estão ficando mais pobres. “Algumas crianças podem sofrer uma ou mais privações e outras nenhuma, portanto, o número médio de privações sofridas por criança pode ser usado para avaliar o quão pobres as crianças são. Antes da pandemia, o número médio de privações graves por criança era de cerca de 0,7. Estima-se agora que tenha aumentado 15%, para cerca de 0,85”, destaca o documento.

*Receba notificações de reportagens e artigos do jornalista Célio Martins

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