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Política internacional
| Foto: Reprodução/ONU

O democrata Joe Biden, dos EUA, e o líder chinês, Xi Jinping, enviaram mensagens de congratulações a Lula logo após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter proclamado o resultado das eleições de 2022. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, líderes de dois países em guerra, também parabenizaram o brasileiro. A premiê de extrema-direita da Itália, Giorgia Meloni, assim como o esquerdista Nicolás Maduro, da Venezuela, foram outros líderes de posições políticas opostas que enviaram cumprimentos a Lula. Esses são exemplos do grande número de líderes, das mais variadas cores ideológicas, que acenaram positivamente ao Brasil após o resultado das urnas, no último domingo (30).

Os sinais de que as portas estarão abertas para o país reconstruir pontes em todos os continentes são muitos. Do Reino Unido, com o primeiro-ministro conservador Rishi Sunak, à Alemanha, do social-democrata Olaf Scholz; do Chile, de Gabriel Boric, ao México, de Andrés Manuel Lopez Obrador, todos manifestaram disposição em trabalhar com o Brasil a partir de 2023. Da mesma forma houve manifestações de líderes da Índia (Narendra Modi), da África do Sul (Cyril Ramaphosa) e do Japão (Kishida Fumio).

“Estou disposto a trabalhar com o presidente eleito Lula, de uma perspectiva estratégica e de longo prazo, para planejar e promover conjuntamente a parceria estratégica abrangente entre a China e o Brasil a um novo patamar, em benefício dos dois países e seus povos.”

Xi Jinping, presidente da China.

O próximo governo não pode perder a oportunidade para recolocar o Brasil no cenário da política internacional com protagonismo. O país reúne condições para exercer grande influência em um mundo que a cada dia se desenha multipolar – desde a questão ambiental, passando pela economia e o combate à pobreza até a mediação de conflitos em busca de paz –, mas para isso precisa cortar as amarras ideológicas que o levaram ao isolamento e à insignificância nos últimos anos.

Um dos primeiros passos é reinserir o Brasil nas decisões das grandes organizações multilaterais. A atuação na ONU e em seus diversos organismos – Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), entre outros – deve ser prioridade.

Outro ponto imprescindível é a busca de novos acordos econômicos e comerciais bilaterais e multilaterais. Nesse ponto, é preciso dar novas diretrizes ao Mercosul, estreitar laços com países da América da Latina e da África, avançar os entendimentos com a União Europeia, ‘returbinar’ os Brics e não deixar escapar as oportunidades que se abrem na Ásia, Oriente Médio, na África e Oceania.

Em um mundo em que crescem as disputadas econômicas entre União Europeia, China, EUA, além de Rússia, Japão e Coreia do Sul, o Brasil tem um vasto campo para atuar de forma a angariar resultados positivos.

Olhando para o retrovisor do passado recente, é possível ver que as relações internacionais condicionadas à ideologia política radical do governo Bolsonaro restringiram as possibilidades de o Brasil assumir um papel de protagonista. O radicalismo bolsonarista destruiu em poucos anos o que foi construído em décadas.

O multilateralismo, além de permitir um equilíbrio maior de poder entre os países, compensando a disparidade de poder existente entre grandes potências e países de menor projeção. cria condições para a cooperação entre as nações, promovendo o desenvolvimento e a estabilidade da ordem e sistema internacional.

Se inserir no jogo internacional não significa que o país deva abrir mão dos seus princípios democráticos. Pelo contrário: é por meio da participação ativa e de uma política de relações internacionais focada na construção do reconhecimento do Brasil como um dos líderes desse novo mundo multipolar é que o país poderá defender seus princípios, respeitando o direito de cada nação de decidir o seu próprio destino.

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