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inflação e vacinação
| Foto: Reprodução/OCDE

As novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia mundial e brasileira trouxeram um misto de ânimo e preocupação. Por um lado, as estimativas de manutenção da taxa de crescimento mundial em 6% para 2021 e de aumento das previsões para alguns países, como o Brasil, mostram que as atividades econômicas continuam se recuperando. Por outro lado, a lenta distribuição global de vacinas e a alta de preços da maioria dos produtos ameaçam a retomada e ampliam as diferenças entre os países.

“O acesso às vacinas tornou-se a principal lacuna ao longo da qual a recuperação global está dividida em dois blocos: os países que podem esperar maior normalização da atividade até o final deste ano (quase todas as economias avançadas) e aqueles que ainda enfrentam um surto de infecções e um aumento do número de vítimas de Covid-19. No entanto, a recuperação não é garantida mesmo nos países com níveis de infecção muito baixos enquanto o vírus estiver em circulação em outros países”, avalia o estudo do FMI.

Projeções do FMI
Projeções de crescimento por região, publicadas pelo FMI, na versão em espanhol.

De acordo com o relatório, as perspectivas para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, com raras exceções, foram revisadas para baixo, especialmente para as economias asiáticas emergentes. Em contraste, as projeções para as economias avançadas foram revisadas para cima.

“Essas análises refletem a evolução da pandemia e as mudanças nas políticas de apoio. O aumento de 0,5 ponto percentual para 2022 decorre principalmente da revisão em alta da previsão para as economias avançadas, em particular dos Estados Unidos, que reflete a adoção antecipada de legislação para fornecer suporte fiscal adicional no segundo semestre de 2021 e uma melhoria dos indicadores de saúde”, diz o FMI

Os responsáveis pelo estudo preveem que as recentes altas de preços devem ser temporárias e a inflação retorne a níveis pré-pandêmicos na maioria dos países em 2022, mas reconhecem que as incertezas permanecem. O temor é que medidas desproporcionais para segurar as pressões inflacionárias possam ter efeito muito forte e causar estagnação.

“Em geral, os bancos centrais devem examinar cuidadosamente as pressões transitórias sobre a inflação e evitar o aperto das políticas até que tenham uma ideia mais clara da dinâmica subjacente dos preços. Uma comunicação clara dos bancos centrais sobre as perspectivas da política monetária será essencial para moldar as expectativas de inflação e se proteger contra o aperto prematuro das condições financeiras. No entanto, existe o risco de que as pressões transitórias se tornem mais persistentes e os bancos centrais possam precisar tomar medidas preventivas”, avaliam.

A velocidade da vacinação também é considerada crucial. Uma taxa de vacinação mais lenta do que o previsto, segundo o estudo, permitiria que o vírus sofresse uma mutação ainda maior e travaria a retomada econômica.

“Cerca de 40% da população nas economias avançadas recebeu uma vacinação completa, em comparação com menos da metade dessa porcentagem nas economias de mercado emergentes e uma pequena fração nos países de baixa renda. O acesso às vacinas é a principal lacuna ao longo da qual a recuperação global se divide em dois blocos: os países que podem esperar uma maior normalização da atividade até o final deste ano (quase todas as economias avançadas) e aqueles que ainda enfrentam a perspectiva de um ressurgimento de infecções e aumento do número de vítimas de Covid”, descreve o documento.

O relatório afirma que uma recuperação estável não pode ser garantida enquanto alguns segmentos da população permanecerem suscetíveis ao vírus e suas mutações. “A recuperação diminuiu drasticamente em países que experimentaram novas ondas, especialmente a Índia. O Reino Unido teve que adiar a última etapa de sua reabertura econômica devido à disseminação da variante delta, embora a distribuição de vacinas tenha ajudado a reduzir as hospitalizações. A província de Guangdong, na China, impôs restrições de mobilidade em maio devido a um surto após registrar uma depressão de novas infecções por meses. Da mesma forma, a Austrália reintroduziu bloqueios direcionados em junho”, cita.

O estudo diz ainda que, se as expectativas de inflação aumentarem mais rapidamente do que o esperado, especialmente nas economias mais avançadas, as condições financeiras podem tornar-se mais restritivas rapidamente. Esse cenário seria “um golpe duplo nas economias emergentes e em desenvolvimento devido ao agravamento da dinâmica da pandemia e ao aperto das condições financeiras externas afetaria seriamente sua recuperação e poderia reduzir o crescimento mundial abaixo deste cenário básico”.

Para o FIM, a ação multilateral é essencial para reduzir divergências e fortalecer as perspectivas globais. O fundo propõe como prioridade imediata a distribuição de vacinas de forma equitativa em todo o mundo. A sugestão dos técnicos é uma injeção de US$ 50 bilhões, endossada conjuntamente pela Organização Mundial da Saúde, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial, para acabar com a pandemia. Para impulsionar as economias, o fundo propõe alocação geral de direitos de saque especiais equivalente a US $ 650 bilhões, com o objetivo de aumentar os ativos de reserva de todas as economias e ajudar a aliviar as restrições de liquidez.

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