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Associação das Concessionárias reage às críticas ao pedágio
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Em artigo publicado hoje na Gazeta do Povo, o diretor regional da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), João Chiminazzo Neto, procura contestar críticas que fiz na edição de ontem do jornal ao reajuste das tarifas de pedágio no Paraná.

A réplica do representante das “empresas de pedágio” traria uma grande contribuição ao debate sobre a situação do sistema de transporte no estado não fossem algumas acusações infundadas.

Ao tentar rebater afirmação minha de que parte das rodovias pedagiadas do estado está entre as piores estradas tarifadas do planeta, o diretor da ABCR diz que ficou surpreso com “a desinformação e a superficialidade tendenciosa” deste cronista. Acrescenta que minhas críticas se basearam “em experiências de viagens turísticas por alguns países”.

Outro argumento usado pelo executivo na tentativa de desqualificar minhas observações se refere a um suposto “desconhecimento técnico do articulista”. Defende ainda que o “excesso de curvas” e a alta periculosidade das estradas paranaenses, como apontei, são frutos “de técnicas de engenharia rodoviária e de equipamentos disponíveis na época em que foram construídas”.

Em respeito aos leitores e aos cidadãos paranaenses, é importante pontuar e esclarecer algumas das afirmações e acusações de Chiminazzo Neto.

1 – É leviano acusar de tendencioso e desinformado um jornalista que aponta o fato irrefutável de que grande parte das estradas pedagiadas no estado é de pista simples. Não é preciso “dados aprofundados” para constatar que os trechos mais longos do Anel de Integração, como Palmeira-Cascavel e Ponta-Apucarana, não têm duplicação.

2 – Dados técnicos não são apenas números e estatísticas que, muitas vezes, são usadas para tirar o foco do problema que afeta diretamente a população. Dados técnicos são coletados com base em informações factuais. Em São Paulo, por exemplo, a grande maioria das estradas pedagiadas é de pista dupla. Basta verificar as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco, Marechal Rondon, Raposo Tavares (que está em fase final de duplicação), Washington Luis e Fernão Dias. Todas com extensão de centenas de quilômetros. Problemas não faltam, como o trecho sem duplicação da Régis Bittencourt e a BR-153, que foi pedagiada mesmo com pista simples. Mas no caso desta BR, o preço do pedágio é R$ 3,30, menos de um terço de muitas praças no Paraná também com pista simples. Esses sim são dados técnicos, fatos incontestáveis.

3 – Mas não é preciso ir a São Paulo para certificar-se do tal “conhecimento técnico”. Aqui no Paraná, o trecho paranaense da rodovia que liga Curitiba a Joinville é duplicado e a tarifa de pedágio é oito vezes menor que a de algumas praças do Anel de Integração. A ABCR tem os chamados “dados técnicos” e pode contestar se meu cálculo estiver errado.

4 – O depoimento que dei na edição de ontem, em poucas linhas, é um breve (brevíssimo) registro de experiências que tive trabalhando como jornalista em outros países, e não em passeios turísticos [se fosse a passeio teria a mesma validade]. Trata-se de fatos comprovados. Quando se oferece opções de deslocamento por rodovias com e sem pedágio, como na França e nos EUA, países citados por mim, fica garantido o livre direito de ir e vir, uma condição imprescindível na democracia.

Os fatos não deixam dúvidas. Não há justificativa para um reajuste de tarifa de pedágio no Anel de Integração. Há muitos outros dados comparativos, de alta relevância, que confirmam ser desnecessário o aumento. Um deles é o depoimento à CPI do Pedágio, no último dia 26, do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Davi Ferreira Gomes Barreto, que confirmou que um relatório do órgão, finalizado em 2012, constatou um desequilíbrio econômico e financeiro a favor das concessionárias que administram as rodovias do estado.

 

*Leia no post anterior meu texto de ontem, publicado no impresso da Gazeta do Povo.

– O artigo de João Chiminazzo Neto pode ser lido na página 2 da edição impressa de hoje da Gazeta do Povo ou no endereço
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1429258&tit=Pedagio-criticas-que-falseiam-a-verdade

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