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Depois da relativa polêmica do post anterior (o mais acessado e execrado da história recente do blog), voltamos à nossa programação normal. Prometo que não falarei por um tempo da Sharon Stone e tentarei deixar a ironia de lado nos textos, para não correr o risco de ser mal interpretado. Afinal, preciso reconhecer. Se tantos não entenderam a piada, é porque ela foi mal feita…

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Na premiação do Oscar do ano passado, um certo filme monopolizou as atenções de jurados, críticos e espectadores em todo o mundo. O Artista (The Artist, 2011) surpreendeu ao conseguir chegar ao grande público numa roupagem já sepultada e ignorada pela grande indústria. Tratava-se de um filme em preto e branco. E, vejam só, mudo!

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Há quem ainda torça o nariz para O Artista, principalmente aqueles sem muita paciência para acompanhar a projeção por uma hora e meia, mas é inegável que o filme de Michel Hazanavicius foi um refresco de originalidade e, ao mesmo tempo, de nostalgia na telona. E tem ainda outro mérito: é um filme que, acima de tudo, fala justamente sobre… filmes!

Não é de hoje que o cinema encontra inspiração e boas histórias ao cavocar a sua própria trajetória. Ou, ainda, escancara a adoração que atores, atrizes e diretores são capazes de exercer sobre os espectadores – seja no bom ou no mal sentido. O Top 5 de hoje relembra algumas dessas produções, em que o cinema fala sobre si mesmo, com conhecimento de causa.

TOP 5: QUANDO O PRÓPRIO CINEMA É UM DOS PERSONAGENS NA TELONA

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950)

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O filme de Billy Wilder mereceria ser lembrado só por ter introduzido uma das personagens mais impagáveis e marcantes da história do cinema: a diva Norma Desmond, interpretada por Gloria Swanson. Norma é uma estrela decadente do cinema mudo que, por acaso, esbarra no roteirista Joe Gill (vivido por William Holden), perseguido por ter dados alguns calotes nas pessoas erradas. Joe então aceita a proposta da atriz para revisar um roteiro estapafúrdio que ela mesmo escreve há anos, onde deposita suas esperanças de voltar ao estrelato. Crepúsculo dos Deuses é uma visão amarga e cínica do show business holywoodiano, um autêntico noir que cresce a cada vez que o assistimos. Clássico no sentido mais literal da palavra.

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)

Apesar de não ser tão lembrado, certamente é um dos filmes preferidos de muitos fãs de Woody Allen, justamente por escancarar a fascinação que a sétima arte é capaz de exercer sobre nós, pobres mortais. Em tom de fábula, sem compromisso nenhum com o realismo, Rosa Púpura tem como protagonista uma humilde garçonete (Mia Farrow) que passa as tardes “viajando” nas matinês. Até que um dos personagens dos filmes que assiste a nota em meio ao público e literalmente salta para fora da telona. Em outro momento, a própria espectadora é levada para dentro do filme no cinema. A Rosa Púrpura foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro é um daqueles filmes para assistirmos quando estivermos mal humorados. O sorriso no rosto após o the end é garantido.

Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, 1952)

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Mesmo quem não gosta de musicais (e olha que não são poucos) se rende a esse filme que logo se tornou uma das produções mais memoráveis da história do cinema. A história de Cantando na Chuva se desenrola em um período marcante e até crítico na trajetória da sétima arte: a derrocada dos filmes mudos com a chegada do som ao cinema. Gene Kelly interpreta um famoso astro do cinema mudo que, em meio à produção de seu primeiro filme sonoro, se encanta pela ingênua dubladora vivida por Debbie Reynolds. O roteiro, espirituoso e engraçado, aproveita muito bem os números musicais, que não se restringem, lógico, à famosa dança de Gene Kelly em meio à chuva. Desde então, muitos filmes musicais continuaram chegando aos cinemas, mas nenhum tão marcante e adorado quanto este.

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)

Baseado em um livro de Brian Selznick, Hugo é uma aventura juvenil que foge totalmente dos temas que marcaram a filmografia de Martin Scorsese. Primeira obra filmada em 3D pelo diretor, encanta não só pelo primorosa estética e fotografia, mas também por homenagear e relembrar a trajetória do francês George Méliès, mágico e ator de teatro que sedimentou as bases do cinema fantástico, criando de próprio punho efeitos especiais considerados espetaculares à época, nos primeiros anos do século XX. Os melhores momentos de Hugo são justamente aqueles em que volta o olhar para Méliès e detalha os improvisos e soluções inventivas do diretor para tirar do papel pequenas joias como Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune). Destaque para o elenco infantil do filme, formado por Asa Butterfield e a adolescente Chloë Grace Moretz.

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Rebobine, Por Favor (Be Kind Rewind, 2008)

Michel Gondry virou o queridinho de muitos cinéfilos após dirigir o já cult Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004), que merecidamente ganhou o Oscar de melhor roteiro. Desde então, nenhum de seus filmes chegou perto de causar o mesmo barulho, embora Rebobine, Por Favor tenha seus bons momentos. Comédia despretensiosa e nostálgica, conta a história de dois amigos que, após acidentalmente terem apagado todo o acervo da videolocadora em que um deles trabalha, têm a inspirada ideia de refilmar alguns dos clássicos em VHS, com os poucos recursos que possuem. A graça está justamente nas versões singelas e improvisadas que a dupla (Mos Def e Jack Black) faz de seus filmes preferidos. Sobra pra Robocop, Conduzindo Miss Daisy, Os Caça-Fantasmas e até 2001 – Uma Odisseia no Espaço…

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Lembra de outros filmes que homenageiam o cinema? Assistiu os filmes citados ali em cima? Comente aqui no blog e deixe suas sugestões para quem vai passar o fim de semana frio e chuvoso em frente à TV (como eu)!

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