O apoio de Marina Silva a Aécio Neves pesa? Claro que pesa. Mas é isso que vai decidir a eleição? Muito difícil de cravar. O histórico das eleições brasileiras pós-1989 mostra que o apoio do terceiro colocado no segundo turno nunca teve grande peso. E mais: quando segundo e terceiro colocados se juntaram, nunca foi suficiente para bater o primeiro. O fato é que grande parte dos eleitores de Marina já migraram para Aécio – independentemente dela – pela percepção de mudança maior com Aécio. Para falar a verdade, peso mesmo vai ter o apoio da viúva de Eduardo Campos, que pode aumentar o calibre dos tucanos no Nordeste.
Veja um retrospecto da troca de apoios no segundo turno ao longo dos últimos 25 anos:
1989 – Fernando Collor (PRN) x Lula (PT)
No primeiro turno, Collor fez 28,5% dos votos válidos e Lula, 16,1%. Na virada para o segundo, o petista fisgou os apoios do terceiro, quarto e oitavo colocados – Leonel Brizola (PDT), 15,5%, Mário Covas (PSDB), 10,78%, e Roberto Freire (PCB), 1,06%. Collor contou com apoios menos expressivos, de Paulo Maluf (PDS), 8,28%, e Guilherme Afif Domingos (PL), 4,53%. Ainda assim ganhou de Lula por 53,03% a 46,97% no segundo turno.
2002 – Lula (PT) x José Serra (PSDB)
Lula fez 46,4% dos votos no primeiro turno, contra 23,2% de Serra. O candidato tucano teve uma disputa acirrada pela segunda colocação com Anthony Garotinho (PSB), que fez 17,9%, e Ciro Gomes (PPS), 11,97%. Ambos os derrotados declararam apoio a Lula, que venceu Serra no segundo turno com folga, por 61,27% a 38,72%. Depois, Ciro foi nomeado ministro.
2006 – Lula (PT) x Geraldo Alckmin (PSDB)
Em uma eleição fortemente polarizada desde o primeiro turno, Lula fez 48,6% contra 41,6% de Alckmin. Terceira colocada, Heloisa Helena (PSOL) somou apenas 6,9%. Ela e o partido permaneceram neutros no segundo turno, em que o tucano conseguiu a proeza de encolher o número de votos – fez 39,17% contra 60,83% de Lula.
2010 – Dilma Rousseff (PT) x José Serra (PSDB)
Dilma passou perto de uma vitória logo no primeiro turno, com 46,9% dos votos contra 32,6% de Serra. A diferença para 2006 era que a terceira colocada, Marina Silva (PV) havia feito uma quantidade de votos que poderia ser decisiva no segundo turno – 19,3%. Marina ficou neutra e Dilma venceu novamente Serra por 56,05% a 43,95%.
-
Mais forte do que nunca: que aparato contra "desinformação" o TSE preparou para eleições 2024
-
PEC do quinquênio turbina gasto do Brasil com o Judiciário, que já é recorde
-
Uma família inteira na prisão: a saga dos Vargas no 8/1 encerra série de entrevistas de Cristina Graeml
-
Programa Cátedra Jurídica estreia com pesquisador que revolucionou Direito Constitucional no Brasil
Pacheco rebate Haddad e diz que Congresso não tem de aderir ao Executivo
Novas rotas do gás: os desafios de levar o pré-sal a São Paulo e ao Sul do país
Esquerda monta delegação de parlamentares para atacar direita e Musk nos EUA
Advogado aciona STF para impedir investigação de jornalistas do Twitter Files