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Vem do Nordeste a arma de Luciano Ducci (PSB) para tentar evitar a participação petista de Lula e Dilma Rousseff na campanha de Gustavo Fruet (PDT) pela prefeitura de Curitiba. O atual prefeito aposta na influência nacional do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. “Meu partido é da base federal e eu, particularmente, sempre apoiei o governo do PT”, frisou ele, durante passagem por Brasília nesta semana.

A preocupação faz sentido. De acordo com a primeira pesquisa Ibope* sobre a disputa municipal divulgada há três semanas, Lula é o nome com o maior potencial de transferência de votos na capital paranaense. A contribuição positiva ao candidato apoiado por ele seria levada em consideração por 42% dos eleitores e a negativa, por 12%.

Em segundo lugar aparece o governador Beto Richa (PSDB), padrinho político de Ducci, com 37% de influência positiva e 14% de negativa. O tucano fica, nesse critério, em um empate técnico com Dilma, que tem 36% de contribuição positiva e 15% de negativa.

Vale ressaltar, antes de avaliar os números, que o apoio de lideranças nacionais é apenas um dos critérios de decisão do eleitor. E que em uma campanha local, a ferramenta tem efeito reduzido. Funciona mais ou menos assim: o grosso da transferência de votos se dá em pleitos que se referem ao mesmo nível, de presidente para presidente, de governador para governador e assim por diante.

A peculiaridade de Curitiba é que a campanha de 2012 caminha para ser uma das mais disputadas de todos os tempos, com três nomes com chances de vitória – além de Fruet e Ducci, há o deputado federal Ratinho Júnior (PSC). Em uma batalha ferrenha como a esperada, qualquer diferencial precisa ser aproveitado.

Eduardo Campos sabe bem disso. Jovem e popular, o pernambucano tem se movimentado freneticamente ao longo da última década para deixar de ser um nome regional. É amigo de Lula, mas sempre deixa uma porta aberta para conversar com os tucanos. Seu sonho é alto: desbancar Michel Temer (PMDB) na vice de Dilma em 2014 e depois ser candidato ao Planalto em 2018.

Para tanto, topa qualquer negócio. Em 2012, por exemplo, a única prioridade para o PSB é reeleger Ducci em Curitiba e Márcio Lacerda em Belo Horizonte. No caso mineiro, por exemplo, ele se escora em uma bizarra coalizão com tucanos e petistas.
O modelo, entretanto, não tem como dar certo no Paraná, onde há um interesse claro do PT em enfraquecer Richa na capital para uma provável disputa contra Gleisi pelo Palácio Iguaçu em 2014.

Resta a Ducci tentar ao menos reduzir a munição de Fruet. Seguro, o prefeito prevê que não há a mínima chance de Lula fazer campanha para o pedetista e Dilma no máximo se disporia a posar em fotos com Fruet.

Será? Eduardo Campos tem mesmo peso no xadrez nacional. Mas sempre é bom lembrar que é Gleisi quem está no dia a dia com a presidente – e que se o PT não quebrar a hegemonia do grupo de Richa em Curitiba a coisa pode ficar bem complicada daqui a dois anos.

Por fim, vale destacar que a aliança entre Fruet e o PT paranaense será sacramentada neste fim de semana. Será um casamento difícil, mas que vale pelo dote: a presença de Lula e Dilma no palanque eleitoral.

* A pesquisa encomendada pela Rádio CBN/Curitiba ao Ibope foi realizada entre os dias 27 e 29 de março, com 812 entrevistados. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Registro no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob n.º 001/2012.

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