Câmera escondida, ataques à honra, extorsão, prisão, polícia na casa de congressista. Bem-vindo à campanha para a prefeitura de Londrina. A terceira maior cidade do Sul cheira à prosperidade, mas quando o assunto é política parece um daqueles vilarejos de filmes do Velho Oeste.
A disputa no município tem tradição de ser acirrada e, especialmente em 2008, passa por Brasília. Três dos quatro deputados federais londrinenses são candidatos – André Vargas (PT), Barbosa Neto (PDT) e Luiz Carlos Hauly (PSDB). O quarto, Alex Canziani (PTB), está de fora, mas é peça-chave da campanha.
Meses (talvez anos) antes de a corrida eleitoral começar, os concorrentes já sabiam o que viria pela frente. O trio de parlamentares candidatos teria de disputar no tapa uma das vagas no segundo turno. A outra já estaria reservada ao deputado estadual Antonio Belinati (PP), ex-prefeito que perdeu o cargo em 2000 por denúncias de desvio de dinheiro.
Como a rejeição a Belinati – uma espécie de Maluf paranaense – é alta, os adversários têm certeza de que ele será ultrapassado no mano a mano da reta final. A campanha mal começou e os prognósticos se confirmaram. Segundo pesquisa Ibope/RPC do dia 12 de agosto, o ex-prefeito lidera com 29% das intenções de voto, seguido por Barbosa Neto (18%) e Hauly (14%).
A sondagem atestou que Barbosa Neto venceria no segundo turno. Pela posição que ocupa, o pedetista é o protagonista da disputa – para bem e mal. No final de junho, apareceu entre os investigados do esquema gafanhoto da Assembléia Legislativa (ele também foi deputado estadual entre 2003 e 2006). Na mesma época, foi alvo de uma série de denúncias publicadas pelo jornal Correio Braziliense, de Brasília.
Baseadas no depoimento e em gravações clandestinas do ex-assessor Luciano Ribeiro Lopes, que trabalhou por oito meses no escritório do deputado em Londrina, o Correio expôs supostas irregularidades de Barbosa Neto no uso da verba indenizatória da Câmara e a apropriação ilegal dos salários de um funcionário. A reação inicial do pedetista foi dizer que tudo não passou de uma armação de Hauly, que nega qualquer envolvimento com a história.
Quando a baixaria parecia ter chegado ao limite, Lopes (o ex-assessor e denunciante) foi preso em flagrante pela polícia civil na casa de Canziani (o quarto elemento), há uma semana. Tinha R$ 23 mil nas mãos, pagamento da extorsão a que estaria sujeitando Barbosa Neto.
Não ficou claro, porém, se o motivo da tal extorsão era verdadeiro. O julgamento real de Barbosa está nas mãos do corregedor da Câmara, Inocêncio de Oliveira (PP-PE), que promete se pronunciar nos próximos dias sobre o processo aberto para apurar as denúncias contra o pedetista.
Enquanto isso, a instabilidade da campanha em Londrina segue sendo um belo estudo de caso para marqueteiros políticos e estudiosos de plantão. Pena que, por enquanto, esteja mais para um caso de polícia que um caso de sucesso.
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