Não é preciso ser um sobrevivente da ditadura militar para entender o que o paranaense Roberto Requião (PMDB) fez ontem no Senado contra a liberdade de imprensa. Na falta da censura institucional do Estado, ele criou a própria quando arrancou e depois apagou dados do gravador do repórter Victor Boyadjian, da rádio Bandeirantes.
O resumo da história é bem simples:
1 – Requião é um homem público, que venceu uma eleição popular para ocupar um cargo público;
2 – Ele estava em um espaço público;
3 – Foi entrevistado por um repórter devidamente credenciado para trabalhar neste mesmo espaço público;
4 – TODAS as perguntas foram sobre assuntos públicos.
5 – Inflação é assunto público, superaposentadoria de ex-governador é assunto público.
Mas…
Usou regras pessoais para resolver um constrangimento estranho. Por que ele é tão mal resolvido com a pensão que tanto luta para receber? Se alguém perguntasse a você sobre o salário que você ganha honestamente você partiria para a agressão (verbal ou física)?
Tem mais: além de resolver tudo como se pudesse fazer as próprias leis, Requião ainda colocou o filho, Maurício Thadeu de Mello e Silva para entregar o cartão de memória (com a entrevista apagada) ao jornalista.
O filho não é funcionário do Senado. Mas trabalha no gabinete de outro parente, o primo deputado federal João Arruda (PMDB).
Mesmo para os padrões do Senado, uma Casa mal acostumada às relações familiares, houve uma confusão imensa e desproporcional entre público e privado.
Confusão que, pelo “cavalheirismo familiar” de José Sarney (PMDB-AP), tem tudo para passar em nuvens brancas.
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