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Colega de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na CPI da CBF-Nike, o deputado federal Dr. Rosinha (PT) ficou em silêncio ao ser questionado sobre a nomeação do comunista para o Ministério do Esporte. “Pode colocar que eu preferi não dizer nada”, pediu o paranaense. A reação é um sintoma do que significa a escolha do substituto de Orlando Silva.

Aldo não é exatamente uma figura das mais constantes da política nacional. Além disso, seus movimentos recentes não o credenciam como um aliado confiável para o governo em um momento tão delicado para a organização da Copa do Mundo de 2014. Há quem diga que Dilma Rousseff logo terá saudades de Orlando.

Passou pelas mãos de Aldo a mais dolorosa (talvez única) derrota da presidente na Câmara dos Deputados, a aprovação do novo Código Florestal. Relator da proposta, ele costurou uma estranha aliança com os ruralistas e promoveu mudanças que, por exemplo, diminuem a autonomia da União sobre a exploração de áreas de preservação permanente (APPs) em margens de rios.
Dilma já avisou que vai vetar trechos do texto caso não sejam feitas mudanças pelo Senado.

Antes disso, o comunista insistiu até o último momento em disputar a presidência da Câmara contra o governista Marco Maia (PT-RS), em fevereiro. Desistiu, mas retomou a carga no mês passado, na eleição para ministro do Tribunal de Contas da União. Jogou contra as ordens do Planalto, que apoiou Ana Arraes (PSB-PE), e perdeu.

A história mais ambígua, no entanto, é antiga e foge da relação entre governo e oposição. Em 1999, Aldo foi o autor do requerimento para a criação da CPI da CBF-Nike, que tinha a ideia de investigar contratos entre a confederação e a empresa de material esportivo. A comissão foi instalada no ano seguinte e ele foi escolhido como presidente.

Junto com Rosinha, Aldo e o relator dos trabalhos, o ex-deputado Silvio Torres (PSDB-SP), lutaram o quanto puderam para aprovar o relatório final. O texto, contudo, não chegou a ser votado. O trio sofreu uma goleada da bancada da bola, articulada pelo então deputado-cartola Eurico Miranda.

Na época, Aldo comprou briga com a CBF. Inconformados, ele e Torres ainda fizeram um livro com o conteúdo final do relatório, que acabou tendo a distribuição proibida pela Justiça. Mas o tempo passou e muita coisa mudou…

Aldo se aproximou do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e é apontado hoje como um “confidente” do dirigente. Essa nova relação não pega lá muito bem em Brasília, justamente no momento em que o Congresso Nacional discute a Lei Geral da Copa. A propósito, há dois dias o Senado ouviu o jornalista britânico Andrew Jennings, que também escreveu um livro com denúncias pesadas contra a Fifa, a CBF e, claro, Teixeira.

No mais, o fato é que a troca no Esporte muda muito pouco o sistema de comando da pasta. Aldo foi uma escolha unânime do PCdoB e, até certo ponto, uma maneira de a legenda bater o pé contra os petistas. Vale lembrar que as acusações que derrubaram Orlando são bem menos comprováveis do que o aparelhamento partidário do ministério.

Ainda assim é errado avaliar que Dilma trocou seis por meia-dúzia. O que parece mesmo é que ela substituiu um problema por outro.

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