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Vice não é o primeiro dos últimos. Ao menos na política
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 Beto Richa, ao lado do vice Flávio Arns: em busca de um novo companheiro de chapa.

Beto Richa, ao lado do vice Flávio Arns: em busca de um novo companheiro de chapa.

A 15 dias do início das convenções partidárias, os políticos só pensam naquilo: se dar bem na montagem das chapas que vão disputar as eleições de outubro. Como há poucos impasses a serem resolvidos na definição dos principais nomes para presidente da República e governador do Paraná, está aberta a temporada de vices. Engana-se quem pensa que, nesse jogo, vale a teoria de que o segundo nome é só o primeiro dos últimos.

Desde a proclamação da República, em 1889, o Brasil teve 25 vice-presidentes. Desses, nove chegaram à Presidência – ou seja, em 36% dos casos. Dois foram eleitos no mandato seguinte ao que foram vices (Afonso Pena e Venceslau Brás), quatro pela morte do titular (Nilo Peçanha, Delfim Moreira, Café Filho e José Sarney), dois por renúncia (Floriano Peixoto e João Goulart) e um por processo de impeachment do titular (Itamar Franco).

No Paraná, a média recente é mais animadora para quem quer um segundo lugar ao sol. Desde a volta das eleições diretas nos estados, em 1982, metade dos últimos seis vice-governadores assumiu o Palácio Iguaçu por renúncia do titular. João Elísio Ferraz de Campos (1986-1987) era vice de José Richa; Mário Pereira (1994) e Orlando Pessuti (2010), de Roberto Requião.
Vale ressaltar que há anos em que a cadeira fica maior – e 2014 é um deles. Como Dilma Rousseff (PT) e Beto Richa (PSDB) concorrem à reeleição, o vice tem mais perspectiva de poder. O PMDB de Michel Temer, que vive um casamento conturbado com os petistas, já trabalha escancaradamente para lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto em 2018.

Na terceira via, Eduardo Campos e Marina Silva, do PSB, estão amarrados. A briga intestina é para estar ao lado de Aécio Neves (PSDB). Fala-se no tucano José Serra (praticamente impossível), no ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e na senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP).

No caso paranaense, Beto tem tudo para seguir a trilha do pai, José Richa, e se candidatar ao Senado em 2018. Se conseguir a reeleição, terminará o segundo mandato com apenas 53 anos. Será a mesma idade que Requião tinha quando encerrou o primeiro mandato, em 1994, e também renunciou para se candidatar a senador (na época, não existia possibilidade de reeleição).

Beto já abriu as portas para mudar o atual vice, Flávio Arns (PSDB), e atrair o PMDB. É a grande tacada para inviabilizar a candidatura de Requião. De olho em nove meses de mandato em 2018, há um alvoroço geral entre parlamentares peemedebistas para saber quem fica com a vaga.

Um dos mais cotados é o deputado estadual Caíto Quintana, curiosamente, ex-chefe da Casa Civil de Requião no Palácio Iguaçu. Também está no páreo o deputado federal Osmar Serraglio, que foi relator da CPI dos Correios e seria o preferido de Beto. Corre por fora o deputado estadual Artagão Júnior.

Do outro lado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) segue à caça de um nome de um partido que engorde a coligação. O ideal seria convencer algum atual aliado de Beto, como o PSD de Eduardo Sciarra, dono de valioso tempo de televisão. Sob o fantasma do escândalo André Vargas, contudo, a tarefa ficou mais difícil.

Na engenharia das chapas, ainda é preciso conciliar mais um mandamento da política: mais do que atrair votos, o vice não pode espantar eleitores. Alguém discreto, de passado limpo, acaba sempre acrescentando mais do que um medalhão com trajetória controversa.

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