José Sarney gosta de repetir uma explicação para o fracasso do seu governo (1985-1990): ele ocupava a cadeira de presidente, mas quem tinha poder de fato era o presidente da Câmara, Ulysses Guimarães. Faz certo sentido, mas a força de Ulysses era restrita à Praça dos Três Poderes. Candidato à sucessão de Sarney, em 1989, o poderoso Dr. Constituinte acabou num pífio sexto lugar, com 4,73% dos votos.
Ulysses tinha 73 anos e teve a ideia de usar a própria velhice como propaganda. Seu jingle tinha como refrão: “Bote fé no Velhinho, o Velhinho é demais”. Deu no que deu.
Lula, 71 anos, lidera as pesquisas presidenciais. Teve câncer, recentemente tornou-se viúvo pela segunda vez. Mas tudo o que ele não quer é parecer um velhinho.
Na semana passada, Lula publicou um vídeo no Facebook em que aparece se exercitando. Começa a correr na esteira e fala para a câmera sem perder o fôlego. Depois, aparece fazendo musculação, em câmera lenta.
“Eu aconselho a todo mundo se movimentar, andar um pouco. Não é por conta da beleza estética, para ficar com músculo, é para ficar com saúde”, diz o ex-presidente na gravação. O vídeo já teve mais de 1 milhão de visualizações e é o terceiro mais visto no Ranking de Influenciadores Políticos da Gazeta do Povo.
Lula sabe que bem que fragilidade não combina com voto. Em 1989, ele tinha 44 anos e chegou ao segundo turno. Perdeu para Fernando Collor, quatro anos mais novo e, como se sabe, usou e abusou da imagem de candidato garotão.
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