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Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, disse que sua expectativa é de que neste ano de 2024 cerca de 18 países membros da aliança alcancem a meta de investimentos de 2% do PIB em gastos com defesa
Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN.| Foto: EFE/EPA/OLIVIER MATTHYS

Quando o muro de Berlim caiu e a União Soviética chegou ao fim, os russos cancelaram sua aliança militar, o Pacto de Varsóvia. Isso porque, aparentemente, não havia mais sentido manter um grupo bélico para lutar contra o Ocidente, uma vez que, em tese, a Guerra Fria teria chegado ao fim. Entretanto, tudo indica que o complexo industrial militar ocidental não queria “perder a boquinha”. Para isso, era necessário criar um novo “bicho papão”.

É sabido que Putin, no início de sua gestão, tentou integrar a Rússia à Europa. Ele chegou até mesmo a desejar se unir à OTAN. Porém, tudo indica que este não era o objetivo da Aliança Ocidental. Para que a OTAN continuasse tendo uma justificativa para sua bilionária existência, a Rússia precisava continuar sendo vista como um inimigo em potencial. E foi exatamente isso que eles fizeram.

A OTAN parece estar desesperada, ao ponto de querer mandar suas próprias tropas para o campo de batalha.

Logo após a dissolução da União Soviética, em dezembro de 1991, a OTAN passou a integrar vários ex-membros do Pacto de Varsóvia para o seu time, incluindo Polônia, Hungria e República Tcheca. Isso gerou um problema estratégico para Moscou, que se viu cercado por membros da OTAN, o que trazia uma vulnerabilidade para sua segurança.

A situação atingiu um pico quando a Ucrânia entrou no radar dos esforços ocidentais para expandir sua rede de influência. Isso porque o país – que é o berço da cultura russa – tem 2.245 km de fronteira terrestre com o país de Putin, e mais 320 km de fronteira marítima. Para Moscou, ter o país vizinho unindo-se à OTAN seria um perigo estratégico imensurável.

As disputas entre Rússia e Ocidente pelo controle da Ucrânia ganham um novo patamar em 2004, quando houve a disputa presidencial entre Viktor Yushchenko (alinhado ao Ocidente) e Viktor Yanukovych (alinhado à Rússia). Yanukovych teria vencido. Entretanto, houve uma contestação do resultado por parte da população, o que acabou levando à chamada Revolução Laranja. A cor foi escolhida pelos manifestantes pois era a mesma usada por Yushchenko, o candidato de oposição. Após meses de caos nas ruas, finalmente Viktor Yushchenko foi declarado o novo presidente ucraniano, no dia 23 de janeiro de 2005.

É impotente lembrar que durante o final da corrida de 2004, Yushchenko foi alvo de uma tentativa de assassinato, envenenado com dioxina. Ele acabou sobrevivendo, mas seu rosto ficou completamente desfigurado. Yushchenko governou até 2010, quando foi derrotado por Yanukovych. Este, porém, apoiado pela Rússia, acabou sendo removido do poder pela chamada Revolução Ucraniana de 2014, também conhecida como “Revolução da Dignidade”, instaurada pelos protestos que ganharam o nome de “Euromaidan”. Quem assumiu o poder em seu lugar foi o bilionário pró-Ocidente Petro Poroshenko, que governou de 2014 a 2019, quando foi derrotado pelo o ex-comediante Volodymyr Zelensky, também um apoiador da agenda ocidental.

A postura da OTAN de mandar suas próprias tropas para o front faria com que Putin fosse obrigado a expandir sua ofensiva para os outros países.

Segundo autores progressistas como Andrew Korybko, principalmente em seu livro Guerras Híbridas: das Revoluções Coloridas aos Golpes, essa ciranda de presidentes ucranianos, alternando entre apoiadores do Ocidente e apoiadores da Rússia, foi implementada como um esforço geopolítico norte-americano. A ferramenta usada para retirar do poder os líderes que apoiavam Moscou teria sido a estratégia da “guerra híbrida”, segundo ele, uma combinação de revoluções coloridas e guerras não convencionais. Nesta linha de raciocínio, sempre que os EUA desejam derrubar um governo inimigo e colocar um amigo em seu lugar, eles iniciam pela estratégia das revoluções coloridas, ou seja, protestos locais que parecem espontâneos mas que, na verdade, são instigados e patrocinados de fora pela CIA. Quando essa primeira etapa não funciona, eles seguem para o segundo momento, as guerra não convencionais, indiretas, muitas vezes, “por procuração”. Nesta ótica, tanto a Revolução Laranja de 2004 quanto a Revolução da Dignidade (2014) teriam sido promovidas por interesses norte-americanos agindo ocultamente em território ucraniano, com o fim de derrubar governos antiamericanos e substituí-los por “amigos” do Ocidente.

Parece muito conspiratória a teoria, até que no último domingo (25) o The New York Times publicou uma matéria mostrando como a CIA (a agência central de inteligência dos EUA) criou e administrou um conjunto de 12 bases secretas na Ucrânia, com o objetivo de influenciar o destino do país e de hackear satélites chineses e russos. O Ministério de Relações Exteriores da Rússia contestou uma parte da matéria do jornal americano afirmando que, ao contrário do que foi apresentado no texto, a influência da CIA na Ucrânia não começou depois do Euromaidan, em 2014, mas muito antes.

Mas qual seria o objetivo do New York Times em liberar essa informação agora? Segundo alguns analistas, a motivação seria preparar o cenário para o fim da Guerra na Ucrânia, colocando a culpa pela derrota de Kiev nos próprios ucranianos. Seria como se Washington tentasse dizer ao mundo: “Eu fiz tudo que pude para ajudá-los a vencer Putin, mas não foi suficiente”. Outros analistas acreditam que o objetivo seria convencer a população americana do quão importante é a Ucrânia geopoliticamente, numa tentativa de pressionar o presidente da Câmara dos EUA a liberar os 60 bilhões de dólares adicionais para o conflito em Kiev, que estão pendentes de aprovação desde o ano passado.

O problema é que, com essa possibilidade de o dinheiro norte-americano não ser liberado, e isso levar a guerra a acabar num cenário de vitória para Putin, a OTAN parece estar desesperada, ao ponto de querer mandar suas próprias tropas para o campo de batalha. Não sei se você entende o que isso significa: literalmente, a 3ª Guerra Mundial. Se bem que, para autores como Cristina Martín Jiménez, o terceiro grande conflito mundial já começou, conforme ela argumenta em seu novo livro.

A postura da OTAN de mandar suas próprias tropas para o front faria com que Putin fosse obrigado a expandir sua ofensiva para os outros países que entrarem no conflito, como é o caso da França, que já se prontificou a mandar soldados para Kiev. O problema é que, como a França faz parte da OTAN, se a Rússia atacar o país, todos os outros membros da aliança seriam obrigados a ingressar no conflito, devido ao disposto no artigo 5º da constituição do grupo. Isso traria 32 países a ingressarem (agora oficialmente) na guerra contra Moscou, o que obrigaria Putin a colocar em campo seu arsenal nuclear, e as consequências seriam desastrosas.

Putin já havia avisado, em junho do ano passado, que se os países ocidentais enviassem jatos F-16 para a Ucrânia isso significaria um passo crítico na guerra, pois traria o risco de os aviões serem usados para atingir alvos na Rússia, de modo que ele seria obrigado a derrubar as aeronaves fora do território ucraniano. Porém, apesar do aviso, o secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg afirmou que, de acordo com a lei internacional, a Ucrânia tem o direito de usar os caças F-16 para atingir alvos fora de seu território. A declaração foi dada numa entrevista a Radio Free Europe na último dia 20. A afirmação tem desdobramentos bíblicos, na medida em que representa uma escalada sem precedentes no conflito, que pode trazer o jogo nuclear para o campo de batalha.

Você tem ideia do perigo que se coloca ao mundo diante dos recentes acontecimentos? Parece que realmente a OTAN optou pela 3ª Guerra Mundial. Que Deus nos proteja.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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