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Cena do filme “O Mundo Depois de Nós”, da Netflix.
Cena do filme “O Mundo Depois de Nós”, da Netflix.| Foto: Divulgação/Netflix

Um filme lançado recentemente na Netflix tem dado o que falar nas redes sociais. Estou me referindo a O Mundo Depois de Nós, produzido, escrito e dirigido por Sam Esmail (da série Mr. Robot), com base no livro de mesmo nome escrito por Rumaan Alam. Um dos pontos mais citados nos comentários online é: seria este filme um prenúncio do que está por vir? A maioria pode achar a ideia mirabolante. Entretanto, se este filme for capaz de “prever o futuro” não será a primeira vez que isso terá acontecido. Isso porque quem acompanha minhas colunas aqui conhece o estranhíssimo caso do filme Ruído Branco, que conta a história de uma pequena cidade do interior de Ohio que precisa ser evacuada após um trem tombar e liberar uma substância altamente tóxica. O impressionante é que a história do filme acabou virando realidade poucos meses depois do lançamento, e na mesma cidade em que a obra foi filmada. Você pode ler meu artigo sobre esse estranhíssimo fato aqui. Seria este um caso de programação preditiva? Para essa reflexão, sugiro a leitura de meu artigo “Programação preditiva: propaganda em tempos de crise?”, publicado aqui na Gazeta do Povo em 2021.

Tendo estabelecido este indispensável princípio de análise, passemos à análise da realidade por trás do filme. Primeiro, a obra trata de uma ofensiva cibernética que derruba a internet (e talvez a eletricidade) global. Há alguma realidade por trás disso? É possível isso acontecer? Talvez a melhor pessoa para responder seria o “quase dono do mundo” Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial. Quando o mundo ainda lutava para entender o que estava acontecendo na crise sanitária que se alastrava pelo planeta em 2020, Schwab organizou o evento Cyber Polygon para simular o que aconteceria no caso de uma “pandemia cibernética” global. Segundo os resultados do estudo, um número muito maior de pessoas perderia suas vidas neste caso, em número muito maior do que as vidas ceifadas pelo Covid-19.

Minha experiência com este filme foi um passeio por ideias que aos olhos comuns parecem insanas, mas que conheço muito bem a realidade por trás de cada uma.

Além disso, você deve ter visto a notícia de que o Centro de Previsão do Clima Espacial tem alertando o mundo sobre tempestades solares anormais em 2024 que poderão derrubar a internet e, talvez, a eletricidade global. O efeito da ejeção de massa coronal seria semelhante a de um pulso eletromagnético, com repercussões catastróficas para a humanidade.

Outro tema muito interessante tratado no filme é a vulnerabilidade dos carros autônomos a ataques hacker. Este é um tema antigo, mas ainda muito raro nas redes hoje, principalmente no Brasil. Entretanto, uma breve pesquisa sobre o tópico na revista Wired (umas das mais renomadas publicações de tecnologia do mundo) traz os seguintes resultados, traduzidos para português: um aplicativo de ligação de carros a distância expôs milhares de carros a hacker; uma falha no seu carro permite que hackers desliguem recursos de segurança; proteger carros autônomos é difícil. Pergunte ao ex-funcionário do Uber responsável por isso; Hackers conseguiram enganar o piloto automático do Tesla S para esconder e falsificar obstáculos; Hackers da Jeep voltaram para provar que hackear carros pode piorar muito; FBI alerta que hackear carros é um perigo real; milhares de caminhões, ônibus e ambulâncias podem estar vulneráveis a hackers; Uber contrata os hackers que sequestraram remotamente um Jeep. Uma breve leitura dessas matérias abrirá sua mente como você nunca imaginou.

O filme traz o alerta sobre a vulnerabilidade dos carros aos hackers numa cena em que a personagem de Julia Roberts precisa desviar de Teslas que se amontoam numa das vias de saída de Long Island. Os carros zero quilômetro foram hackeados desde a fábrica e enviados todos para um mesmo local com o fim de obstruir o trânsito e impedir a fuga das pessoas. Nas matérias que listei acima, você entenderá que isso pode ser facilmente realizado. Os hackers que invadiram o Jeep, por exemplo – lembrando que não se tratava de um carro autônomo – conseguiram desligar o veículo a distância, mudar as configurações do ar condicionado, virar o volante, acelerar e frear. Imagine o perigo de uma ação como essa.

Em outro artigo que publiquei recentemente, comentei também sobre uma patente registrada pela Ford cujo objetivo é assumir remotamente o controle de carros cujo financiamento esteja em atraso, impedindo o funcionamento do veículo ou fazendo com que o veículo dirija por conta própria de volta para a concessionária ou direto para o depósito. Fica a dica de leitura.

Por isso, minha experiência com este filme foi um passeio por ideias que aos olhos comuns parecem insanas, mas que conheço muito bem a realidade por trás de cada uma. Eu gostei do filme. E você? Deixe sua opinião nos comentários.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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