Derrotado na disputa que definiu um novo vice-presidente da Câmara dos Deputados, na quinta-feira (2), o paranaense Osmar Serraglio (PMDB) disse que a vitória “foi do estômago”. Serraglio se refere às famosas comilanças promovidas pelo ganhador da segunda principal cadeira da Casa, Fábio Ramalho (PMDB-MG), o “Fabinho”, como é chamado pelos colegas. “Almoços semanais para os parlamentares durante meses. Se fosse numa eleição popular, seria crime de compra de voto”, afirmou Serraglio à Gazeta do Povo.
Na eleição que definiu a nova composição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, composta por 11 cadeiras, a vaga de primeiro vice-presidente da Casa ficou reservada ao PMDB, legenda que tem a maior bancada do Legislativo.
Mas a escolha de um único candidato peemedebista para figurar na urna eletrônica foi tumultuada. Quase dez filiados estavam de olho na vaga. Ao final, optou-se por Lúcio Vieira Lima (BA), irmão de Geddel Vieira Lima. Ainda assim, mesmo após a definição do “candidato oficial” da bancada do PMDB, outros dois peemedebistas resolveram se inscrever na eleição, na condição de “candidatos avulsos”: Serraglio e Fabinho.
O candidato oficial acabou sendo o menos votado pelos mais de 500 parlamentares: Lúcio fez 133 votos, contra 154 de Serraglio e 192 de Fabinho, gerando a realização de um segundo turno entre o paranaense e o mineiro. Na nova votação, Fabinho obteve 265 votos, 61 a mais do que o adversário do Paraná.
No PMDB, Fabinho é novato. Em 2014, ele entrou na Câmara dos Deputados pelo PV, e se filiou à maior legenda da Casa apenas no ano passado. Por isso, ao ser questionado sobre eventuais rachaduras na bancada do PMDB, em função da disputa interna, Serraglio reforçou à reportagem: “Eu não sei ainda. A vitória dele nada tem a ver com o partido”.
Em uma das primeiras entrevistas que concedeu à imprensa após a divulgação do resultado, Fabinho admitiu que sua vitória poderia estar ligada aos encontros que organiza toda quarta-feira, em seu apartamento funcional em Brasília, para a tradicional comilança. Parlamentares filiados a siglas de variadas colorações, do alto e do baixo clero, costumam passar por lá.
Na disputa, Serraglio contava com o apoio dos colegas do principal colegiado da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que presidiu em 2016, e também com o respaldo da bancada ruralista. Duas frentes parlamentares – a do Cooperativismo e a da Agropecuária – declararam apoio ao paranaense.
Entre o primeiro e o segundo turno, Serraglio correu atrás de voto até o último minuto. Assessores também o ajudavam nas ligações feitas para os parlamentares que saíram do plenário após a primeira votação. “Estou perdendo muito voto. Muita gente já viajou”, reclamava o peemedebista. Depois da apuração dos votos, Serraglio saiu do plenário.
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