O presidente da República, Michel Temer, saiu da coletiva de imprensa neste domingo (27) em Brasília sem tratar de forma clara de um ponto importante sobre o caso envolvendo os ex-ministros Geddel Vieira Lima (Governo) e Marcelo Calero (Cultura):
Afinal de contas, quando conversou com Calero sobre o empreendimento na Bahia, Temer já sabia que Geddel estava entrando em um assunto no qual tinha interesses particulares? Se Temer sabia, ainda que não tenha sugerido qualquer interferência de Calero a favor de Geddel (como alega o ex-ministro da Cultura), o presidente então não questionou a atitude de seu então ministro do Governo? Nem tomou providências? Achou “natural”?
Sobre o caso, Temer se manifestou publicamente duas vezes. Primeiro, através de uma nota, na quinta-feira (24) à noite, logo após o depoimento de Calero à PF se tornar público. Na nota, lida pelo porta-voz da presidência da República, Temer afirma que “jamais induziu” nenhum ministro “a tomar decisão que ferisse normas internas ou suas convicções”. Sobre o caso específico, Temer acrescenta ainda, na nota, que apenas “buscou arbitrar conflitos entre os ministros”, sugerindo a avaliação jurídica da Advocacia Geral da União (AGU), “já que havia divergências entre o Iphan estadual [na Bahia] e o Iphan federal”.
Hoje (27), durante coletiva à imprensa, Temer foi novamente questionado por jornalistas sobre o tema e voltou a justificar que, na conversa com Calero, apenas propôs a participação da AGU, para dirimir eventuais dúvidas sobre as diferentes posições internas do Iphan. “Eu não estava patrocinando nenhum interesse privado”, repetiu o presidente.
Em um momento da entrevista, Temer chega a afirmar também que “ele [Calero] me contou por inteiro a história”, o que indica que o então ministro da Cultura falou ao presidente sobre o apartamento de Geddel. Ou seja, se eventualmente Temer não sabia que Geddel era dono de um imóvel justamente naquele empreendimento, o presidente possivelmente foi alertado por Calero naquela conversa. Mas, até o término da coletiva à imprensa, Temer não fala claramente sobre o ponto.
O Planalto permitiu que fossem feitas apenas quatro perguntas e a maioria dos jornalistas presentes não pode apresentar questões a Temer.
Planalto deverá apelar à Justiça para garantir o seu caixa a partir de 2025
Barros diz que oposição vai cobrar fim do foro privilegiado para apoiar novo presidente da Câmara
Lula segue competitivo para 2026, mas eleitorado dá mostras de cansaço com sua gestão
Lula cria secretaria extraordinária para tratar da crise no RS e escolhe Paulo Pimenta para comandá-la