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O procurador do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagmol criticou nesta quinta-feira (28) o discurso de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) é “meio caminho andado” no combate à corrupção no país. Dallagnol participou da coletiva em que o MPF apresentou duas novas denúncias da Lava Jato, ambas envolvendo o publicitário João Santana e sua esposa Mônica Moura.

“Nós vivemos um  momento muito  especial do caso e da história do país e nos preocupa o fato de uma parcela da população ver a troca de governo como metade do caminho andado no combate a corrupção. Nós não concordamos com essa ideia”, disse o procurador. “Mudança de governo não é caminho andado nenhum contra corrupção. A corrupção nos acompanha ao longo da nossa história, ela é sistemática, institucionalizada e endêmica. Se queremos um país melhor temos que adotar medidas para isso”, disse Dallagnol, citando o projeto de 10 medidas contra a corrupção.

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O procurador também aproveitou a coletiva de imprensa para rebater críticas feitas à operação. Dallagnol criticou a estratégia de defesa de executivos da Odebrecht, que chegaram a alegar perseguição em relação às denúncias de envolvimento de seus executivos no esquema.

“Isso nos traz a memória um método de defesa muito utilizado nesse caso”, começou o procurador. “Muitas vezes as pessoas, para se defenderem das acusações, buscam retirar a credibilidade dos acusadores, alegando perseguição. Isso aconteceu desde o começo do caso”, criticou. Para Dallagnol, os advogados utilizam uma estratégia de defesa política porque não conseguem atacar o mérito das acusações. “Nossa defesa é técnica imparcial e apartidária”, rebateu o procurador do MPF.

Balanço

O procurador também fez um balanço da Lava Jato. Segundo Dallagnol, já foram realizados 1.193  procedimentos em dois anos de operação. Até agora são 39 denúncias, 110 medidas cautelares patrimoniais, 209 inquéritos, 100 acordos de cooperação internacional com 30 países, 574 buscas e apreensões realizadas, 93 acusados condenados, R$ 25 bilhões pedidos em ressarcimento, R$ 2,4 bilhões bloqueados no exterior.

De acordo com Dallagnol, os tribunais superiores já analisaram 368 pedidos de habeas corpus, concedendo apenas 12. O procurador também rebateu as críticas em relação ao número de prisões efetuadas durante as investigações. “Nós temos que reparar que essas prisões são revogadas ao longo do tempo, elas deixam de ser necessárias”, disse.

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Segundo Dallagnol, apenas 20 investigados – cerca de 8% – estão presos. “É um número extremamente reduzido quando levamos em consideração que estamos falando dos crimes mais graves de corrupção da história”, disse.