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O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró chorou por duas vezes durante a audiência com o juiz federal Sergio Moro, nesta segunda-feira (18). Foi o primeiro depoimento do ex-diretor na condição de réu depois de homologado seu acordo de delação premiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em janeiro.

A imagem do ex-diretor não aparece nos vídeos da audiência – provavelmente ele pediu para não ser gravado –, mas é possível ouvir a voz embargada de Cerveró durante o depoimento.

Ao final da oitiva, Moro pergunta se Cerveró gostaria de falar alguma coisa. O ex-diretor pede então desculpas ao juiz por ter mentido em depoimentos anteriores ao acordo de delação. Ele também pede perdão à sociedade e à Petrobras. “Gostaria de pedir desculpas à sociedade pelos prejuízos que em tese eu causei e pelos erros cometidos”, diz.

Cerveró se emociona em dois momentos, quando cita seu filho, Bernardo, que gravou uma conversa entre seu ex-advogado, Edson Ribeiro, o senador Delcídio do Amaral, e seu assessor, Diogo Ferreira. A partir da gravação, que relata planos de fuga para o ex-diretor, o parlamentar e os outros envolvidos no diálogo acabaram presos pela Polícia Federal (PF).

O ex-diretor detalha o histórico de problemas que teve com seu ex-advogado, que, segundo ele, “passou a cuidar do interesse dele” em detrimento dos seus. Ele cita que foi seu filho quem o alertou para a atuação do defensor com “políticos influentes de Brasília”.

Depois, Cerveró cita o esforço de seus novos defensores e do seu filho em denunciar o esquema. “Meu filho, que gravou conversa, teve a frieza de ficar uma hora e meia conversando, e conseguiu gravar a conversa do meu advogado, que tinha se aliado ao senador Delcídio, e planejado um esquema de fuga que era totalmente absurdo”, relata o ex-diretor.

Segundo o ex-diretor, nunca houve intenção de fuga do país e era antiga sua vontade de celebrar acordo de delação premiada, mas o plano foi frustrado por Ribeiro. “Quer dizer, eu perdi seis ou sete meses em prisão fechada. E pior do que isso: meu filho, minha nora e minha neta saíram do país por questões de segurança, por orientação da Polícia Federal”, conta, chorando novamente.

Ao final da audiência, Cerveró pede novamente desculpas ao magistrado. “O seu filho realmente foi bastante corajoso, merece esses elogios do senhor, mas isso não diz respeito a esse caso”, declara Moro, encerrando a oitiva.

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