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Moby Dick tinha que estar no meu “projeto americano” de literatura. Por quê? Porque é o livro feito por lá de que os americanos mais parecem se orgulhar. Todo mundo tem que ler na escola e fora da escola.

O livro é tão popular que já deu origem a tudo o que vbocê possa imaginar. Tem um desenho de Hanna Barbera com esse nome. O Led Zeppelin tem uma música chamada Moby Dick. E até um músico eletrônico modernoso inspirou seu nome no livro.

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Adaptações para o cinema e a tevê já foram feitas às pencas e um personagem de Woody Allen cria toda uma síndrome esquisita em Zelig porque nunca leu Moby Dick e não consegue conversar com os outros.

Mas por que toda essa moral? A resposta mais curta é que o livro é mesmo muito bom. E, mais do que isso, tem uma daquelas histórias básicas simples por trás, com cara de lenda popular.

A história de Moby Dick é a de um capitão, um grande caçador de baleias, que sai numa viagem longuíssima, tremendamendente arriscada, para matar a baleia que decepou sua perna.

É uma baleia branca, deformada, conhecida por todos os navios baleeiros, um cachalote gigante e furioso que já matou dezenas de marinheiros por muitos anos.

A discussão que sempre fica para quem lê o livro é se a baleia tem um “significado”. Se Hermann Melville quis fazer uma metáfora sobre algo. A baleia seria “o mal”, por exemplo. Ou seria qualquer outra coisa, dependendo de quem lê e do que queira entender.

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E essa, na verdade, é uma das forças do livro: é quase como uma lenda que cada um entende como quer. Para mim, por exemplo, é a história da obsessão de um homem e de como a vontade de vingança pode destruir a vida de alguém.

Mas o livro é mais do que a história principal. É uma história da caça às baleias. É uma história de como vivem os marinheiros. É um tratado sobre a vida das baleias. É um poema sobre o mar. E, principalmente, é um livro sobre gente: do que nós somos feitos e o que nós queremos desse mundo.

Moby Dick também é importante para os americanos porque foi escrito numa época em que eles ainda não eram “eles”. O livro é de 1851. Antes da Guerra da Secessão. Antes de os EUA virarem uma potência mundial. Antes de eles terem o punhado de clássicos que têm hoje.

Quem eles tinham antes disso na literatura? Nathaniel Hawthorne, que ainda estava na ativa, chegou a ser chamado de o primeiro romancista que eles poderiam mostrar na Europa com orgulho. Mark Twain era um adolescente, assim como Emily Dickinson. Só mesmo Edgar Allan Poe era grande na ficção deles antes dessa geração.

E o livro tem uma grande vantagem: apesar de ser denso, de poder servir de base para várias interpretações, quem quiser pode ler apenas como uma história de caça, uma aventura. Claro que perde boa parte da diversão, mas vale mesmo assim.

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Mas o ideal é ler o livro com calma. É longo, mas vale tremendamente a pena. E, se você ler, no mínimo vai evitar que você crie a síndrome de Zelig!

PS: Daqui até a próxima semana, vou pôr trechos e outras coisas sobre Moby Dick. Sempre vai ser assim com o livro da semana.

PPS: Continuem escrevendo. Aceito sugestões!

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