Faz uns poucos dias que vim a saber quem é Les Murray. Aliás, ainda sei mutíssimo pouco. E pelo jeito não sou só eu. Descobri, por exemplo, que nunca um livro dele foi traduzido para o português.
Então, num serviço de utilidade pública, o blog começa a partir desta semana a trazer alguns poemas do homem. Mas, primeiro, para ninguém ter de ir à Wikipedia, vão alguns dados básicos.
Murray é australiano, tem 78 anos. Por lá, pelo que eu entendi, é uma lenda. Para se ter uma ideia, entrou numa lista (curiosa, digamos) de “100 tesouros vivos da Austrália”. Junto com a Nicole Kidman e outros 98 que nós não conhecemos (ok, brincadeira).
Publicou diversos livros de poemas, coletâneas e um romance em versos. E é a única esperança de os australianos ganharem um Nobel de Literatura nos próximos anos.
Então, vamos ao primeiro pequeno exemplo. Nas próximas semanas, prometo coisa mais graúda. Mas esse já é bem bonitinho. Quem conhece me garante que é puro Wittgenstein…
O sentido da existência
Tudo exceto a linguagem
sabe o sentido da existência.
Árvores, planetas, rio, tempo
não sabem nada além disso. Expressam isso
momento após momento, como o universo.
Mesmo esse tolo desse corpo
vive isso em parte e teria
complete dignidade nisso
não fosse pela liberdade ignorante
dessa minha mente que fala.
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