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Cientistas da USP apontaram importante descoberta, a qual vem sendo discutida principalmente desde 2017, tornando-se mais popular em 2018, mas que ainda gera muitas dúvidas. Assim, hoje me dediquei a tentar explicar um pouquinho sobre qual o caminho que estes pesquisadores estão apontando e quais os resultados que isso pode trazer para pessoas com autismo.

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O primeiro passo é entender como esses pesquisadores compreendem o autismo. Segundo a pesquisadora Patrícia Beltrão Braga, pessoas com autismo têm alteração na região cortical do cérebro (ultima camada do cérebro, por assim dizer) e aponta que a causa ainda é desconhecida, entendendo que há origem genética, porém, com muitos genes relacionados (não há um gene único para autismos não sindrômicos)e pode ter causas ambientais. A pesquisadora aponta que, enquanto não há uma cura, é necessário tratamento para redução dos sintomas.

Assim, o interessante é que a pesquisa da USP é realizada sem descartar fatores genéticos e ambientais, buscando compreender o funcionamento cerebral do indivíduo com autismo e como interferir nesse mecanismo. Podemos compreender da seguinte forma: “Ok! Devem ter genes envolvidos, e talvez fatores ambientais, mas, se compreendermos o diferencial no funcionamento do cérebro de uma pessoa autista para uma pessoa neurotípica e atacar esse fator de diferenciação, teremos uma melhora dos indivíduos”.

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Segundo a pesquisa, os astrócitos, que são células que “seguram os neurônios”, teriam um papel fundamental no desenvolvimento do autismo. O neurônio é quem manda as informações, e o astrócito seria quem alimenta o neurônio. Se o astrócito não está bem, logo o neurônio não fica bem e, assim, a cognição e o desenvolvimento ficam prejudicados.

Vamos imaginar o seguinte: o cérebro é uma grande empresa, sendo que os neurônios são os chefões dessa empresa. Os astrócitos são os funcionários que trazem a marmita dos neurônios. Se o astrócito está doente, ele falta ao trabalho, a marmita não chega e com fome ninguém trabalha direito! E, possivelmente, se um cientista da USP leu essa analogia ele deve estar chorando de desgosto!

Ok... Mas como a gente “conserta o astrócito”? É justamente isso quem vem sendo pesquisado. Eles perceberam que, se colocar astrócitos de uma pessoa neurotípica e juntar com astrócitos de uma pessoa com autismo, o neurônio da pessoa com autismo fica muito próximo ao de uma pessoa neurotípica. Então, eles começaram a pesquisar o que fazer para deixar um astrócito de uma pessoa com autismo igual ao astrócito de uma pessoa neurotípica. E aí entra a interleucina, que é uma substância produzida no nosso corpo e que é importante para dizer ao nosso corpo o que ele tem que fazer. No caso de pessoas com autismo a interleucina bloqueando a interleucina, eles recuperavam os astrócitos e melhoravam as sinapses. Em uma apertada síntese, o que eles descobriram que há uma inflamação no cérebro de pessoas com autismo.

Existem alguns vídeos interessantes sobre o tema, em que os próprios pesquisadores da USP falam do assunto:

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Vamos torcer por estes pesquisadores da USP! Que não lhes falte recursos financeiros para o desenvolvimento da pesquisa e que muitos estudos venham a ser publicados sobre o assunto!

Quer sugerir um tema ou contar sua história? Quer partilhar como é ser autista ou sua vivência como pai/mãe de uma criança/adolescente com autismo? Vou adorar ouvir você! (contato@baptistaenascimento.com.br)

Hanna Baptista – redatora do Diário de Autista, advogada, e mãe de uma linda criança autista.