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Há dias estou encafifada com esse vídeo aqui***. É um pediatra famoso falando sobre como os pais hoje lidam com seus filhos pequenos, a necessidade de se dedicar mais tempo a eles e colocando em questão a decisão da paternidade. Basicamente, ele diz que, se você não tem tempo e não está disposto a arrumar tempo para cuidar bem do seu filho, pense muito bem se terá — de preferência, não tenha.

No dia que assisti ao vídeo eu estava me sentindo a pior mãe do mundo. O José estava saindo de uma inflamação na garganta, muito dengoso e sem a mínima animação para ir a escola. Eu estava cansada depois de passar cinco dias me dividindo entre cuidar dele e tentar cumprir minhas tarefas do trabalho e ainda tinha gritado com o José pela manhã por causa da manha que ele fez para ir para a creche. Depois de ver o vídeo, me senti pior ainda.

Passei dias digerindo essa entrevista, pensando em tudo que o médico falou e na nossa — porque ele também fala da responsabilidade do pai na criação — atitude com o José. A conclusão? Não somos os melhores pais do mundo. Não mudamos nossa vida totalmente para nos dedicar ao José Fernando. Eu continuei trabalhando, não reduzi a minha jornada — pelo contrário, aumentei. O Emerson também continua a trabalhar — e muito. Além disso, eu me irrito com o José, grito, coloco de castigo…

Também deixo o José assistindo TV para conseguir fazer coisas como lavar louça, escovar os dentes e secar o cabelo. E já que estou confessando os meus pecados, vamos lá: eu estou longe de oferecer uma alimentação 100% saudável para o meu filho. Uma vez por semana nós jantamos pizza lá em casa, o José gosta de miojo e batata frita — e eu libero porque cansei de brigar —  e só de vez em quando faço suco natural, o que impera lá em casa são os sucos de caixa.

Mas existem pais perfeitos? Que eu conheça, só aqui no mundo virtual. Acredito que alguns são melhores do que os outros. Mas ninguém está sempre dentro do que mandam as cartilhas da paternidade perfeita. Como diz a música do Chico Buarque, procurando bem todo mundo faz pecado logo que a missa termina e só a bailarina que se salva. Mas quem consegue ser sempre essa bailarina da música do Chico?

Então, depois de muita auto-análise, a culpa deu uma baixada. O jeito é pensar no que fazemos de bom como pais e tentar melhorar os pontos fracos. O que fazemos de bom?

Estou reclamando? Não, de maneira alguma. Amo a minha vida do jeito que está. Fico feliz em poder sair cedo do trabalho e pegar o José na creche uns minutinhos antes do que ele espera e adoro quando ficamos os três em casa aos finais de semana, recebemos os amigos ou saímos para algum lugar em que José pode correr, andar de bicicleta e se sujar. Mas parece que ainda assim é pouco para o que ele precisa. Será? Ôo culpa que não passa.

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*Texto escrito em outubro de 2013 — antes do nascimento dos gêmeos –, mas nunca publicado. Achei enquanto vasculhava os arquivos do blog. Apesar de antigo, me pareceu bem pertinente.

*** O link não está funcionando e eu não consegui encontrar a entrevista sobre a qual eu me referia lá em outubro. Mas, se tiver curiosidade, é uma entrevista com o pediatra José Martins Filho. Existem muitas disponíveis no youtube. Vale assistir para se questionar.

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