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Amamentação e suas neuras
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Desde ontem e até o dia 7 de agosto se comemora a Semana Mundial da Amamentação. O tema deste ano é “Tão importante quanto amamentar seu bebê é ter alguém que escute você”. Quem já amamentou sabe o quanto precisamos de apoio para persistir na amamentação exclusiva até os seis meses. Precisamos de ajuda de profissionais da área de saúde para enfrentar as dificuldades do início, e da família, que não fique pressionando para a gente colocar a criança logo na mamadeira e introduzir os alimentos sólidos antes do tempo.

Vamos falar do começo? Dói e ponto. Nas primeiras mamadas, mesmo que o bebê acerte a pega e seus seios estejam preparados, você vai sentir uma cólica de ver estrelinhas piscando no céu. Não se assuste, é só o seu corpo se comunicando e o útero se contraindo — o que é muito bom e uma mostra de que a natureza é mesmo perfeita.

Fora as cólicas, provavelmente o bico do seio vai sofrer algumas fissuras logo no início — mesmo que o bebê pegue direitinho o peito. Nó mínimo, elas vão incomodar. Mas existem óleos especiais que ajudam a hidratar e o próprio leite faz a situação melhorar logo. Manter a área ventilada e sempre seca também evita que a situação se agrave. Minha sugestão: antes mesmo do bebê nascer procure informações sobre como evitar as fissuras e como segurar o bebê para que ele acerte a pega. No hospital, não fique com vergonha de pedir ajuda para a equipe médica se tiver alguma dúvida. O segredo para evitar que amamentar se torne uma tortura para você e o bebê é a pegada.

Por falar em tortura, vou agora contar um segredo das mães. No começo, nem todas acham amamentar assim tãooo maravilhoso. Algumas vezes — principalmente nas primeiras semanas –, eu me sentia como uma prisioneira. Não podia tomar banho, comer ou dormir antes de matar a fome do José Fernando, que estava sempre faminto. Sair de casa sozinha por mais de uma hora nem pensar — no começo, nem mesmo por meia hora havia essa possibilidade.

Eu achava que isso só acontecia comigo. Mas conversando com outras amigas que já são mães vi que o sentimento é comum. Mas a maioria de nós parece ter vergonha de dizer o que sente e ser recriminada. Porque ter um filho é uma graça e ter leite para matar a fome do pequeno é outro presente divino. Mas acontece de não achar a parte da amamentação tão sublime. E aí, o que fazer?

Aí que chegamos ao nosso ponto inicial, o tema da Semana Mundial da Amamentação deste ano: “Tão importante quanto amamentar seu bebê é ter alguém que escute você”. Ter um ombro amigo para ouvir o que você sente e que não diga que você é uma bruxa por se sentir presa devido à necessidade de amamentar o bebê ajuda muito. Desde que, claro, essa pessoa não venha com o discurso de que o seu leite é fraco e que você deveria partir logo para um complemento. Não existe leite fraco e, depois do turbilhão das primeiras semanas, a sensação de aprisionamento vai embora e a conexão com o bebê se torna intensa e necessária — esse é outro segredo das mães.

Quer saber mais um? Lavar mamadeiras, esterilizar e preparar o leite artificial é uma chatice. E sair com aquele arsenal para fazer o mamar na rua? Passei por essa experiência por poucas semanas — quando tive de dar leite artificial para o José Fernando porque o meu secou devido a uma cirurgia de emergência pela qual tive de passar — e não via a hora daquilo acabar. Foram dias em que realmente me sim senti uma prisioneira, mas da lata de fórmula e dos bicos de mamadeira. Muito melhor, prático e saudável — para todo mundo, inclusive a mamãe — é dar o leite do peito. No mínimo, até os seis meses. Depois, sou favorável a amamentar o bebê até ele resolver te abandonar.

Sim, eles — não todos, mas muitos — nos abandonam. Vão aos pouquinhos esquecendo de pedir para mamar no peito. Até que um dia te esnobam quando você oferece. E lá vamos nós para mais uma sessão de terapia….

 

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