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Que escreva o primeiro comentário quem nunca cutucou o nariz em público, pensando que ninguém observava – perdi a conta de quantas vezes vi motoristas “limpando o salão”, esperando o sinal abrir. O treinador da seleção de futebol da Alemanha, Joachim Löw, na Copa do Mundo do ano passado, também pensou que ninguém estava de olho e protagonizou uma das cenas mais famosas (e nojentas) da história dos Mundiais. Particularmente, não acredito que o treinador alemão seja adepto da dieta da meleca. Penso ter sido um momento de nervosismo (muito estranho, concordo), um instante de bobeira.

Bobeiras acontecem nas melhores famílias, desde que o mundo é mundo. Há dois mil anos, o filósofo latino Sêneca já afirmava: “Uma vez por ano é lícito perder a cabeça”. E quem perde a cabeça faz o quê? Dá bobeira. Há muito menos tempo e com muito menos repercussão, mas muito mais tolerante, meu avô paterno costumava dizer que todo mundo tem direito a quinze minutos de bobeira por dia. Normal. No entanto, para azar do treinador alemão, a bobeira foi midiatizada, virou manchete. De forma irônica, concretiza-se a profecia do artista plástico Andy Warhol: hoje, todos nós podemos ter nossos quinze minutos de bobeira transformados em quinze minutos de (má) fama.

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E a bobeira, como a mentira, pode revelar muito sobre nós – por instantes, escancara os livros de nossas vidas (e a leitura, muitas vezes, não é nada agradável). Foi o que ocorreu com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, que, depois de cumprimentar um pobre haitiano, limpou a mão na camisa do também ex-presidente Bill Clinton. Ainda mais desagradável (para dizer o mínimo) foi o caso do estilista John Galliano, que, bêbado, revelou simpatizar com Hitler – relançando uma triste moda, aderida recentemente pelo cineasta Lars Von Trier. Enfim, bobeiras que abriram as portas para enormes besteiras.

Por isso, prefiro quem dá bobeira numa boa, como o senhor atrapalhado (ou embriagado) que não conseguia se vestir na praia, personagem de um dos vídeos mais engraçados que circulam pela internet. E você, já teve os seus quinze minutos de bobeira de hoje? Se for bobear, não esqueça: bobeie com moderação.

Isto não é bobeira: hoje o blog “Dias da vida” completa um mês no ar. Agradeço a todos os que vêm lendo e comentando as crônicas. Os índices de leitura têm sido maiores do que eu imaginava, o que me dá ânimo para continuar escrevendo. Sinceramente, obrigado;

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Agudas

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– “Não há quem não cometa erros, e grandes homens cometem grandes erros” (Paulo Francis). Completo: grandes erros mostram que os homens não são tão grandes quanto pensam;

– Particularmente, sou dado a bobeirinhas voluntárias, como piadinhas e trocadilhos bestas – aquelas que, ao final, me fazem descobrir que “só o Damon Hill”. Em vez dos quinze minutos diários, minha esposa estipulou uma cota de um trocadilho por dia. Já fiz o meu de hoje. Paro por aqui.

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